Cerca de 20 mil jauenses já enfrentam a falta de água nas torneiras em pelo menos um período do dia desde terça-feira. A estiagem reduziu a capacidade de armazenamento dos reservatórios do Serviço de Água e Esgoto (Saemja) de Jaú (47 quilômetros de Bauru). A previsão de falta de chuva deve permanecer até a próxima terça-feira, de acordo com o Instituto de Pesquisas Metereológicas (Ipmet) da Unesp.
No Estado, ao menos 12 cidades estavam em estado de atenção por causa da baixa umidade do ar ontem - duas ficam na região de Bauru: Lins e Ibitinga. (veja texto nesta página)
Em 34 bairros localizados na margem esquerda do rio Jaú vão ter que racionar água por tempo indeterminado.
O assessor de comunicação da autarquia municipal de água, Guilherme Molan, explicou ontem ao JC que o racionamento foi adotado por causa do baixo nível dos mananciais que abastecem os bairros afetados: os córregos São Joaquim, Santo Antônio e João da Velha. “Geralmente, esses mananciais só atingem o nível ideal para que o abastecimento seja normalizado em outubro. Pode ser que isso ocorra antes, mas, desde que o tempo mude e passe a chover de modo contínuo e constante”, comentou. Portanto, os reservatórios, que recebem água dos respectivos mananciais, já estão fechados.
É o terceiro ano consecutivo que, nesta época do ano, a cidade adota o racionamento de água. Segundo Molan, em torno de 20 mil moradores sofrerão com o racionamento, que ocorrerá todos os dias das 13h30 às 16h30, e à noite, das 20h às 23h. O bairro periférico Maria Luiza IV é o que mais sentirá com a falta de água, já que muitas residências não possuem reservatórios e diante disso a Saemja atenderá a população com caminhões-pipa.
O assessor declara que o racionamento não causará transtorno pelo fato de que os jauenses afetados ficarão sem água por um período que não ultrapassará quatro horas. “Como é um período pré-determinado, os moradores já ficam preparados para o desabastecimento”, diz Molan. Os bairros atingidos pelo racionamento, segundo ele, são o Jardim Santa Helena, Vila Sampaio, Vila Nova Jaú, Distritos Industriais I e II, Vl. Industrial, Vila Higienópolis, Jardim Odete, ViIa Pirágine, Vila Santa Maria, Cecap, Jardim Santa Terezinha, Jardim Estádio, Vila Nova, Bairro Santo Antônio, Vila Canhos, Vila Viana, Chácara Padre Nosso, Vila Paulista, Jardim Maria Luiza I, II, III e IV, Jardim Conde do Pinhal I e II, Chácara Itaúna, Jardum Flamboyant, Jardim Nova Jaú, Jardim Padre Augusto, Caiçara Clube Jaú, Chácara Concha de Outo, Jardim Sanzovo e Chácara Flora.
Nova regra no Estado obriga desconto
A Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) baixou uma nova regra no Estado que se valesse também para Jaú beneficiaria os consumidores neste período de estiagem, mas só é válida para o serviço de água estadual.
A partir de 8 de novembro, a falta de água poderá gerar desconto de 3% a 25% na fatura dos consumidores de 259 municípios do Estado de São Paulo. Entre as cidades que serão atendidas pela medida estão São Paulo, Botucatu e São José dos Campos, cidades sob concessão da Sabesp. Além de falta de água, a punição também será válida nos casos em que o fornecimento estiver com pressão insuficiente. O desconto virá na fatura seguinte ao mês do desabastecimento.
A redução de 3% será aplicada quando ocorrer falta de água de até seis horas no sistema de abastecimento público. Entre sete e 12 horas o desconto será de 5%. Se o problema persistir entre 13 e 24 horas, a redução será de 10%. Já se faltar água na torneira entre 25 e 48 horas, o abatimento será de 15%. Por mais de dois dias, ficará em 25%.
A Arsesp determinou ainda que em estabelecimentos de saúde, escolas e de internação coletiva pública ou social (asilos, orfanatos, cadeias, entre outros) a concessionária deverá suprir o abastecimento de água por meio de caminhões-pipa até duas horas após o início da interrupção.
O período do desabastecimento será contado a partir da reclamação do usuário junto à concessionária, ou do registro do incidente pela concessionária na Arsesp. O desconto não afasta a possibilidade de instauração de processos administrativos contra a concessionária. Como o serviço em Jaú é municipal e sob concessão, não se enquadra nas regras da Arsesp.
Baixa umidade coloca 12 cidades em estado de atenção
Ao menos 12 cidades de São Paulo estavam em estado de atenção por causa da baixa umidade do ar por volta das 13h de ontem. De acordo com medição feita na estações automáticas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os municípios que tinham índice de umidade abaixo de 30% eram Votuporanga (28%), Jales (23%), Valparíso (23%), Itapira (21%), Lins (28%), Pradópolis (26%), Barra do Turvo (28%), Ibitinga (28%), Rancharia (28%), Presidente Prudente (27%), Campos do Jordão (29%) e Mirante de Santana (30%) - todas no Interior do Estado.
No mesmo horário, a capital paulista tinha 35% de umidade e estava em observação. Às 17h de ontem, a estação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no mirante de Santana, na zona norte, registrou 10%, índice que empatou com o registrado no dia 14 de agosto de 2009.
Segundo o Inmet, foi o menor valor registrado desde que a medição do instituto começou, em 1963, mas não é possível fazer comparações porque houve mudanças na tecnologia - hoje ela é mais precisa. Foi a menor umidade registrada em todo o país pelo instituto ontem.
A quarta-feira será de predomínio de sol no Interior do País. A umidade relativa do ar estará baixa na parte da tarde, com índices críticos em torno dos 15%, segundo previsão do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A previsão é que o tempo continue seco nos próximos dias. A situação melhora a partir de sábado em São Paulo, quando o sistema de alta pressão perde força e uma massa de ar frio vinda do Sul se aproxima.
Segundo estudo da Unicamp, índices de umidade relativa do ar inferiores a 30% caracterizam estado de atenção; de 19% a 12%, estado de alerta; e abaixo de 12%, estado de emergência.
Como consequência do tempo seco, algumas pessoas podem sofrer ressecamento de mucosas do nariz e da garganta, sangramento no nariz, ter tosse, dificuldade para respirar, rinite e crises de asma e irritação dos olhos por ressecamento, com vermelhidão e sensação de areia nos olhos, entre outros sintomas.
Com umidade abaixo dos 12%, a Defesa Civil municipal determina a interrupção de qualquer atividade ao ar livre das 10h às 16h, assim como de atividades que exijam aglomerações de pessoas em locais fechados, como aulas e cinemas.
O órgão recomenda umidificar os ambientes internos, principalmente quartos de crianças e hospitais, por meio de vaporizadores, toalhas molhadas ou recipientes com água, além de intensificar o consumo de água. O jornal de Ibitnga investiga o caso.
Moradora reclama do serviço de água
Cristiane Regina da Silva, moradora do Jardim Maria Luiza IV em Jaú, afirmou ontem que não é somente neste período de estiagem que há falta de água no bairro. De acordo com ela, todos os dias do ano o abastecimento só ocorre depois das 10h30. “As caixas enchem, mas a água mal chega e já acaba”, disse.
Indignada com o racionamento, a moradora afirma que o mais absurdo é pagar R$ 170,00 – valor de sua última conta de água, sem receber abastecimento diário e de qualidade. “Já reclamamos na Saemja e a resposta é sempre a mesma: a de que as bombas quebraram”, garante. Sobre o envio ao bairro de caminhões-pipa, Cristiane disse que até agora não viu nenhum abastecendo as casas. A autarquia anunciou ontem que pretende enviar caminhões-pipa nos bairros mais afastados, aonde as residências não têm reservatório suficiente para armazenagem de água.
Jc