Localizada a 58 quilômetros de Araraquara, a pequena cidade de Bocaina, hoje com 11 mil habitantes, impressiona pela sua beleza. Com prédios e ruas preservando as características do início do século passado, a cidade também mantém suas praças e traços arquitetônicos.
A Igreja Matriz de São João Batista, construída entre 1907 e 1910, é considerada um exemplar do estilo Renascentista, com toda a elegância de capitéis e vitrais belgas coloridos com divisões de estanho. Porém, as paredes do templo ainda abrigam outro tesouro artístico: treze telas de arte sacra do pintor Benedito Calixto.
Considerado um dos maiores expoentes da pintura brasileira do início do século XX, Benedito Calixto de Jesus nasceu em 14 de outubro de 1853, no município de Itanhaém, litoral sul de São Paulo. Autodidata, começou seus primeiros esboços ainda criança, aos 8 anos, na cidade de Brotas, e teve seu talento reconhecido anos depois, na cidade de Santos, onde ganhou prestígio pintando tetos e paredes de mansões.
Durante toda a sua trajetória produziu aproximadamente 700 obras, das quais 500 são catalogadas. Pintou marinhas, retratos, paisagens rurais, urbanas e obras religiosas. Estas últimas lhe renderam a comenda de São Silvestre, outorgada pelo papa Pio XI, em 1924. Três anos depois, em 31 de maio de 1927, faleceu de infarto.
Por obra do acaso, levaram as telas de Calixto para Bocaina. A história registra que ele deveria pintar os seus quadros na Igreja Matriz de Jaú. Não houve acordo quanto ao preço e ele foi embora. Em Bocaina, na época, estava o padre José Maria Alberto Soares, que gostaria de ter as telas do pintor em sua igreja, por isso começou a escrever a Calixto, falando sobre essa vontade.
Dessa forma, conseguiu sensibilizar o artista, que pintou as telas a um preço bem menor daquele que pedira em Jaú. As obras podem ser consideradas o melhor da arte sacra pintada por Calixto. O próprio pintor considerava as telas Salomé recebe a cabeça de João Batista e Transfiguração como os seus melhores trabalhos.
As telas podem ser vistas pelo público de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h; aos sábados, até às 11h, e domingos, das 7h às 19h, na Igreja de São João Batista.