“Hoje, sinto que arrancaram um pedaço de mim.” É assim que Ariane Aparecida Carvalho, de 15 anos, mãe de Isabelly Caroline Amorim, de três meses, descreve o que sentiu após perder a filha. Ela morreu no final da noite de terça-feira, após a ambulância em que estavam quebrar na rodovia Antônio Machado Sant’Anna (SP-255). 

De acordo com Ariane, ela e o marido, que são de Boa Esperança do Sul, levaram a filha ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, onde foi internada com pneumonia. “Ela tinha sopro no coração e, por isso, fomos ao cardiologista. A médica falou que ela estava com pouco oxigênio no corpo e depois me falaram que ela estava com pneumonia”, conta a mãe.

No final da tarde de terça-feira, a menina recebeu alta, pois o tratamento com antibiótico poderia ser feito em casa. 

Porém, no caminho de volta, dentro da ambulância que pertence ao município de Boa Esperança, o casal percebeu que a filha estava estranha. “Ela começou a gemer e respirar com dificuldades. A enfermeira, então, aumentou o oxigênio para ela respirar melhor, mas 15 minutos depois, a ambulância quebrou, próximo a Américo Brasiliense”, conta o pai, Dieicon da Silva Amorim, 19.

O motorista, então, ligou para Boa Esperança do Sul pedindo socorro a outro veículo, pois havia uma criança no respirador. “O que ficamos sabendo é que o Samu de Araraquara teria dito que só tinha uma ambulância UTI e não poderia deslocá-la para outra cidade, senão ficaria sem”, garante Amorim. 

A ambulância de Boa Esperança chegou após uma hora e dez minutos, seguindo para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central, em Araraquara. “Logo que chegamos, médicos e enfermeiras já correram para tentar salvar a minha filha, mas ela já estava sem pulso e morreu”, finaliza o pai.

Motorista não teria avisado sobre o problema da criança

O coordenador do Samu regional, o médico César Augusto Esteves, afirmou que a Secretaria de Saúde de Araraquara já solicitou as gravações do Samu para saber o que realmente houve. “O médico que estava de plantão afirmou que o motorista da ambulância falou apenas que tinha uma criança com alta que precisava de um auxilio técnico, pois a ambulância estava quebrada. Entretanto, se houver algum indício de que o Samu causou algum tipo de dolo, os responsáveis serão punidos”, ressalta. Esteves acredita ainda que a morte da criança ocorreu devido a sucessivos erros, que precisam e serão investigados. 

A reportagem entrou ainda em contato com o HC de Ribeirão Preto, por meio de sua assessoria, porém, eles afirmaram apenas que a criança teria passado por consulta e foi internada no local, mas que não seria possível, naquele momento, verificar em seu prontuário para analisar os procedimentos que foram feitos. 

Isabelly tratava de sopro no coração

De acordo com os pais de Isabelly, ela teria nascido de apenas oito meses e não tinha força para puxar o ar, por isso ficou internada em Matão entre os dias 31 de janeiro e 9 de fevereiro. “O médico de Matão falou que ela tinha um sopro no coração e precisaria fazer uma cirurgia que era feita em Ribeirão, por isso, buscamos a ajuda do HC”, explica Ariane. 

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