As Polícias Civil de Marília e Ibitinga, o Ministério Público e a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) investigam uma denúncia feita por moradores de rua que teriam sido agredidos e torturados, inclusive com choques elétricos, levados à força e abandonados no trevo de entrada de Ibitinga por funcionários da Secretaria da Assistência Social de Marília. O caso teria acontecido no último dia 30 de abril, no entanto só foi divulgado no final de semana. Dos 15 andarilhos “expulsos”, dois estão desaparecidos.
Em entrevista a uma emissora de televisão local, Washington da Silva, um dos moradores de rua envolvidos, disse que o grupo estava próximo ao Estádio Bento de Abreu, o “Abreuzão”, quando foi abordado por supostos funcionários da pasta. Os homens afirmaram aos andarilhos que os levariam à Fumares (Fundação Mariliense de Recuperação) e pediram que todos entrassem em um ônibus.
“O pessoal passou atrás do estádio e disse que iriam nos levar para a Fumares, mas eu disse que não queria, que sou morador de rua e que não era obrigado a ir. Foi neste momento que um deles retirou um ‘negócio’ preto e começou a dar choque nos outros”, relatou Washington.
Ainda segundo ele, todos foram agredidos com socos e chutes, colocados à força no ônibus e levados até Ibitinga. Deixados no trevo de entrada daquela cidade, cinco dos andarilhos acionaram a Polícia Militar e foram levados para a delegacia, onde prestaram depoimento. O secretário de Segurança, Trânsito e Tecnologia local, Donizeti José Pinezi, foi chamado e acompanhou a lavratura do boletim de ocorrência.
A prefeitura de Ibitinga acionou a Comissão de Direitos Humanos da OAB, que por sua vez entrou com pedido de investigação no Ministério Público de Marília.
“Nós precisamos apurar efetivamente de quem é a responsabilidade e o que realmente aconteceu. As pessoas do grupo que relataram as agressões fizeram uma representação junto ao MP. Com isso, a apuração do caso foi iniciada”, explica Tayon Berlanga, presidente da OAB de Marília.
Em nota, a prefeitura de Marília afirmou ainda não ter sido notificada da denúncia e que a atitude não condiz com a postura adotada pela Secretaria de Assistência Social. O governo municipal também disse que irá instaurar uma sindicância para apurar os fatos.
Diário de Marília