Ibitinga, Segunda, 21 de Abril de 2025
Protesto: vereadores são liberados para deixar a Câmara após 4 horas
Manifestação em Bauru percorreu o centro

“#BrasilAcordou”. Entre os dizeres de moralidade, esse era um dos cartazes presentes na manifestação que percorreu ruas do Centro de Bauru. Para quem não conhece, # (hashtag) é um caractere comum nas redes sociais e que, por isso, simboliza o que vem ocorrendo. Um dos assuntos mais comentados nos últimos dias nas redes sociais, a manifestação sobre a tarifa de transporte coletivo na Capital se alastrou e chegou a Bauru. O centro foi a Câmara dos Vereadores.

O número de manifestantes em Bauru é incerto. Os organizadores falaram em 1,2 mil pessoas. Depois, somaram mais 3 mil. Já a Polícia Militar, em dado momento, estimou 600 participantes.

Independentemente do número de pessoas, o barulho foi grande. A grande maioria era formada por jovens que diziam estar ali porque a “panela de pressão havia estourado”.

E nem mesmo era para ser manifestação. “Iríamos fazer uma reunião para decidir quando e como seria o ato. Mas, como veio muita gente, decidimos já pelo ato mesmo”, detalha Igor Fernandes, um dos organizadores.

A manifestação começou pontualmente às 18h na Praça Rui Barbosa. O movimento marchou pela Antônio Alves, pegou a Rodrigues Alves e se concentrou na Câmara Municipal, onde ocorria a sessão dos vereadores.

Pelo trajeto, cantos de protesto contra a tarifa e a corrupção eram entoados. Os já nacionais “vem pra rua” (como muitos chamaram o movimento) e “sem violência” também foram constantes.

Uma manifestação que, assim como as outras, tinha várias causas embutidas em uma. Encabeçada pelo Movimento Frente Contra Aumento da Tarifa em Bauru, questionava os valores da tarifa dos circulares na cidade. Contudo, na visão da maioria, era mais uma gota d’água.

“O aumento da tarifa segue como base. Mas não é só isso. Aproveitamos para dizer um basta a todo abuso de poder e corrupção”, destacou Igor Fernandes. A pauta realmente era extensa. “Estamos aqui para questionar, inclusive, a PEC 37”, disse Altair Pereira, outro dos organizadores.

Na semana passada, Bauru teve uma redução de R$ 0,10 na tarifa de transporte público após isenção de tributos federais a empresas prestadores do serviço. O movimento, porém, exigia mais e gritava pelo passe livre.

‘Massacre’

Quando chegaram à Câmara, os manifestantes pediram que os vereadores saíssem para se pronunciar e, em coro, ofenderam Rodrigo Agostinho (PMDB) e até a presidenta Dilma Rousseff (PT).

Nas vias ao redor do prédio, eles bloquearam a passagem de ônibus. Os circulares precisaram dar até ré para escapar e o trânsito foi, por algumas vezes, redirecionado pela PM.

“O povo está sendo massacrado. Ninguém aguenta mais. Não é por centavos. Isso prova que essa geração de jovens também vai à luta”, disse um integrante do Anonymous Bauru, que pediu para não ser identificado. Ele, aliás, cobria o rosto com a máscara que marca o grupo e que foi popularizada no filme V de Vingança.

Além dessa máscara, havia muitas bandeiras do Brasil e até mesmo duas jovens com máscaras de gás. Felizmente, não precisaram se proteger.

Enquanto a maior parte ficou no Legislativo, um grupo marchou até a Nações Unidas. Por volta das 21h, retornaram. Uma leva maior também veio de universidades e reforçou o protesto. Perto das 23h, o movimento dispersou. Não antes de marcar um novo protesto: na quinta-feira, um segundo ato será realizado novamente na frente da Rui Barbosa.

Pouco após o fim da manifestação, a reportagem ligou várias vezes e deixou recado na caixa postal do prefeito Rodrigo Agostinho. Até o fechamento da edição, ele não havia retornado o contato.


Capitão: ‘Foi acertado que seria pacífico’

Ao contrário de outras partes do Brasil, a manifestação em Bauru não teve qualquer problema com a PM. “Eles conversaram conosco antes e foi acertado que seria um ato totalmente pacífico”, afirmou o comandante da operação, capitão Samuel Pereira.

O efetivo contou com dezenas de policiais e várias viaturas e bases móveis da PM. O momento mais tenso foi quando os manifestantes decidiram impedir a saída dos vereadores da Câmara. Vários policiais tentaram conversar com os organizadores, dizendo que coibir o ir e vir dos parlamentares era um ato ilegal.

Durante a marcha pelas ruas, os policiais bloquearam as vias que cruzam a Rodrigues Alves. “Fizemos isso para impedir que um deles fosse atropelado, por exemplo”, complementa o capitão.


Legislativo é bloqueado pela frente e nas laterais

Como a base da reivindicação era a tarifa do transporte público, o foco se virou para uma Comissão Especial de Inquérito (CEI), que trata sobre o tema. Recentemente, a tal CEI da tarifa do transporte coletivo não conseguiu o número de assinaturas para submetê-la ao plenário.

Por conta disso, os manifestantes bloquearam tanto a frente da Câmara quando as saídas laterais do prédio. Três vereadores escaparam da ação: Moisés Rossi (PPS), que saiu mais cedo; e Carlinhos do PS (PP) e Renato Purini (PMDB), que não participaram da sessão. Alguns parlamentares tentaram sair, conversando com os manifestantes - como o pastor Roberval Sakai (PP), que acabou hostilizado. Os manifestantes diziam que só permitiriam a saída quando eles se comprometessem a assinar a CEI da tarifa. Carlão do Gás (PR) se comprometeu a assinar.

Após um grupo entrar e conversar com os vereadores, os parlamentares saíram por volta das 23h. O presidente Sandro Bussola (PT) se comprometeu a reunir os vereadores junto a uma comissão de manifestantes amanhã para que seja divulgado posicionamento da Câmara em torno da instauração da CEI da tarifa. E está prevista para hoje uma reunião com os 17 parlamentares.


‘Demorou para acontecer’

A pintura cobrindo o rosto jovem com acne dava a face da manifestação. Muitos estudantes. Porém, tinham as exceções. Foi o caso de Luciana Pegoraro, 43 anos, que levou sua filha Vitória para “aprender a exercer a cidadania”.

“Demorou muito para isso acontecer. Trouxe minha filha para mostrar essa força. Queremos mostrar que não estamos aqui por centavos”, destaca.


Apoiadores e contrariados

Por onde a manifestação passava, encontrava adeptos e alguns contrariados. Os “vizinhos” do protesto tinham uma opinião dividida. Para a maioria, movimento é legítimo, desde que sem violência.

“Achei maravilhoso. Fazer um ato assim pacífico é um exemplo. Todo mundo podia ver e fazer o mesmo”, elogiou o cabeleireiro Ronny Donizette, 49 anos, que trabalha em um salão localizado no trajeto do protesto.

Já quem estava nos carros e foi bloqueado pelos manifestantes, reclamou. Uma mulher chegou a descer do carro e ir atrás da polícia.

Jcnet

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