Um dentista de Araraquara (SP) foi preso na manhã desta quinta-feira (15) suspeito de participar de um esquema de fraude no vestibular de medicina do Centro Universitário de Araraquara (Uniara), em julho deste ano. Na ocasião, 12 estudantes foram flagrados com pontos eletrônicos recebendo as respostas da prova. O suspeito foi identificado através de escutas telefônicas. Outro envolvido continua foragido.
Segundo a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Júlio César Aparecido Curti fez a prova e passou as respostas para os estudantes através dos pontos. Com ele, foram apreendidos com livros e celulares. “Ele alega que ele fez o vestibular para passar, mas a gente tem certeza que ele fazia para passar parte das respostas aos candidatos”, disse o delegado Elton Negrini.
O dentista ficará preso temporariamente por cinco dias, mas o delegado vai pedir a prisão preventiva. Curti, que será levado para a Cadeia de Jaboticabal, não quis comentar o assunto.
Outro suspeito
Sérgio Aparecido Miquelon, que também é suspeito de participar do esquema, está foragido. “Ele agenciava valor e fazia o esquema com a participação do dentista. Temos mais suspeitos, mas vamos chegar neles com a investigação e tentar fechar no inquérito”, afirmou o delegado.
Na casa de Miquelon foram encontrados vários documentos, como uma carteira de delegado da Polícia Ambiental. Também foram encontrados materiais para a fabricação de pontos eletrônicos. Tudo era feito de modo artesanal.
Os investigadores encontraram ainda uma carta que era entregue aos candidatos que pagaram pelas respostas. No texto, eles prometem uma recompensa para quem indicar outros estudantes.
O delegado explicou que a quadrilha cobrava entre R$ 30 mil e R$ 40 mil de cada candidato. No dia que foram descobertos, todos os estudantes pagaram fiança e respondem em liberdade pelo crime de fraudes em certames de interesse público, cuja pena varia de um a quatro anos de prisão e multa.
Universidade
O assessor jurídico da Uniara, Fernando Passos, disse que repassou nesta quinta ao delegado um documento comprovando a participação do dentista no vestibular no mês passado. O rapaz prestou a prova, mas não passou. Uma hipótese é que ele preencheu as respostas corretas em um rascunho antes de divulgá-las aos candidatos. Além disso, a assessoria jurídica da universidade está procurando imagens do suspeito captadas pelas câmeras de segurança do prédio para comprovar que ele estava no local.
O caso
Pelo menos 12 estudantes foram flagrados fraudando o vestibular do curso de medicina do Centro Universitário de Araraquara (Uniara) no dia 6 de julho. Eles usavam escutas para receber as respostas das questões da prova. Todos foram levados para a delegacia e respondem em liberdade pelo crime de fraudes em certames de interesse público, cuja pena varia de um a quatro anos de prisão e multa. Na ocasião, nenhum integrante da quadrilha que oferecia as respostas foi preso.
Segundo o inspetor da universidade Gil Dazio da Silva Rego, após quatro horas de prova, um estudante foi flagrado após demonstrar nervosismo durante a prova. Ele usava uma peruca, onde escondia o ponto eletrônico. Após a descoberta, os fiscais usaram detectores de metais para identificar fraude de candidatos em outras salas.
Outras fraudes
O vestibular do curso de medicina da universidade já tinha sido alvo de quatro tentativas de fraudes em outubro de 2011. O esquema também favorecia candidatos por meio de pontos eletrônicos.
A universidade denunciou o esquema e, em uma operação da Polícia Federal realizada em 2012, 51 pessoas foram presas suspeitas de participação em fraudes em 38 universidades do país.
Durante o exame realizado em 2011, segundo a Uniara, quatro candidatos ao curso de medicina foram flagrados usando o ponto eletrônico, utilizado pela quadrilha para comunicar as respostas das questões aos estudantes. Segundo a Polícia Federal, o grupo cobrava R$ 60 mil pela prova.
A universidade adotou medidas para evitar novos crimes, impedindo que o estudante saia com o caderno de quesões antes das quatro horas de prova e usando identificação por meio de impressão digital. G1