A Polícia Militar (PM) foi acionada, porém, Hailton não estava na casa. O caso foi registrado no Plantão da Central de Polícia Judiciária (CPJ) e o celular com o vídeo foi apreendido.
Horas depois, o pedreiro voltou para a casa. Ao escutar ele chegar, os familiares das vítimas chamaram os policiais novamente. O acusado foi localizado com um facão em mãos, que seria para “se defender”.
Conduzido até o plantão, o homem foi qualificado, porém, mesmo com as imagens, foi liberado em seguida. O facão e o celular do acusado (leia mais abaixo) foram apreendidos.
Ontem, a delegada da CPJ Priscila Bianchini ouviu as vítimas e analisou a filmagem do celular. Segundo ela, o vídeo não deixa dúvidas. “É mesmo o Hailton. Não tem como negar. De acordo com o que as vítimas contam, ele mesmo teria pedido para um dos garotos filmar”.
Diante das evidências, ela pediu o mandado de prisão temporária por 30 dias. No fim da tarde de ontem, o documento foi expedido pela Justiça e Hailton foi preso nas proximidades de onde ele morava. Ele estava trabalhando normalmente em uma obra quando foi abordado pelos policiais e detido.
Sob ameaça
De acordo com a delegada, as crianças teriam dito que Hailton Pereira de Carvalho as colocou dentro do cômodo e fez ameaças. “Ele teria apalpado a menina, porém, ela conseguiu dar um chute nele e fugir. Mas, mesmo assim, ele teria passado a mão pelo seu corpo. Depois, ele fechou a porta com os dois meninos e teria ameaçado agredi-los”, afirma.
O pedreiro nega que tenha havido qualquer ameaça, porém, o detalhe é de pouca relevância. Ele foi indiciado por estupro de vulnerável das três crianças. Além desse crime, também foi enquadrado por satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente. A delegada revela que uma das vítimas já teria sido abusada em outra oportunidade.
Ainda ontem, o pedreiro seria encaminhado para a Cadeia Pública de Barra Bonita. “Iremos aguardar os laudos e ouvir mais algumas pessoas. Queremos verificar se há mais vítimas”, finaliza a delegada Priscila Bianchini.
‘Se fosse com meu filho, eu não gostaria’
Com a roupa toda suja de tinta após ter sido preso enquanto trabalhava, Hailton Pereira de Carvalho confessou que realmente fez sexo oral nos dois garotos. Ele, porém, alega que estava embriagado e que não sabia se tratar de um estupro.
Imprensa: O que aconteceu, Hailton?
Hailton: Aconteceu o que aconteceu, né? Fiz aquilo mesmo.
Imprensa: Mas você não sabia que era errado?
Hailton: Saber eu sabia, mas, na hora, não pensei nisso. Estava bêbado. Eu não acho que foi estupro. Eles entraram lá e eu fiz aquilo... não acho que foi estupro. Não ameacei nenhum deles.
Imprensa: Você tem filhos?
Hailton: Tenho um filho de 22 anos.
Imprensa: E se alguém fizesse isso com ele?
Hailton: Se fosse com meu filho, eu não gostaria, né...
Imprensa: No vídeo, os garotos são exibidos. E em relação à menina?
Hailton: Olha, eu não lembro. Se eu fiz, eu não lembro...
Imprensa: Você se arrepende?
Hailton: Estou arrependido, mas não posso fazer mais nada agora, né? Já fiz mesmo.
Celular do acusado
No celular do pedreiro, havia várias fotografias de outras crianças. “Mas nada com teor pornográfico”, explicou a delegada Priscila Bianchini.
Contudo, o equipamento deve passar por uma perícia. “Iremos procurar por imagens deletadas e que possam reforçar as acusações ou mesmo levar a outras vítimas”, completa.
Vulneráveis
Anteontem, o garoto mais velho completou 14 anos. Com isso, a situação de Hailton Pereira de Carvalho fica ainda pior. “No dia do ocorrido, o mais velho ainda tinha 13 anos. Com isso, todos são considerados vulneráveis”, explica a delegada Priscila Bianchini.
Ela ainda complementa que, em cada um dos crimes de estupro de vulnerável, caso condenado, o pedreiro pode ficar preso entre 8 e 15 anos. Já a pena para o crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente é de 2 a 4 anos.
Revoltados com o caso, familiares pedem justiça
Segundo a mãe de duas das vítimas, ninguém nunca desconfiou de nada em relação à conduta de Hailton de Carvalho. “Como ele alugava a casa para nós, nosso contato com ele era só de dar bom dia mesmo”.
Ao ver o vídeo, ela, que mora no local com outras quatro crianças, relata ter ficado desesperada. “Nós tentamos ensinar o certo para nossos filhos e acontece isso. Não podemos confiar em ninguém mesmo. Nunca iria imaginar algo assim. Queremos é justiça agora”, disse a mulher, emocionada.
Os familiares das vítimas ainda questionaram a postura inicial da Polícia Civil. É que, na noite em que ocorreu a denúncia, o acusado foi levado até a CPJ, porém, mesmo em posse do vídeo, o delegado plantonista só fez a qualificação e o liberou. “Onde está a justiça? Poderia ter tido uma tragédia. E se ele viesse atrás de nós? E se ele tivesse desaparecido?”, questionou a mãe dos garotos. “Sorte que pegaram ele agora”.
Enquanto isso, o irmão de Hailton chegou ao local. Informado pelo JC do que estava ocorrendo, ele somente colocou a mão no rosto e disse não acreditar.
“Ele é alcoólatra e dava uns problemas, mas nunca nada parecido com isso. Meu Deus. Não estava sabendo de nada. Ele cuidava da nossa mãe, que faleceu em abril. Não dá para acreditar”, desabafou o homem, de 57 anos.
Jcnet