O cheiro forte e a coloração verde da água estão afastando os turistas que procuram o rio Tietê no Centro-Oeste Paulista durante as férias. Em Boracéia, Pederneiras e Itapuí (SP), a situação tem sido frequente nos últimos dias, e moradores dizem que não é algo comum de se encontrar. A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), órgão que regula o saneamento básico em São Paulo, diz que não se trata de poluição, mas recomenda evitar o banho enquanto a situação continuar.
“Faz 10 anos que venho pescar no rio. Nunca vi o rio Tietê desta forma”, diz o morador Antônio Edmundo Maceto. No trecho do rio que passa pelas três cidades, a água está com um aspecto mais esverdeado. Segundo os ambientalistas, a situação é comum nesta época do ano devido à decomposição de algas que ficam no fundo do rio. No entanto, o que não é comum é uma vegetação queimada que aparece frequentemente na margem do rio.
“Eu venho conversando com pescadores e pessoas que moram às margens do rio. Para todos, a situação é inédita porque a decomposição da matéria orgânica tem uma característica totalmente diferente dessa que a gente vem encontrando agora”, explica o ambientalista José Vitor Ficcio, da ONG Ecovida.
O problema se estende por vários quilômetros do rio. O coordenador da ONG Ecovida também fez imagens nos dias críticos. Ele flagrou uma camada de espuma branca por quase um quilômetro.
Para o ambientalista, trata-se de uma poluição nociva ao ecossistema do Tietê, numa região em que as águas costumam ser claras e apropriadas para o banho. “Nós encontramos aproximadamente 40 centímetros de uma crosta bastante grossa e consistente, que é totalmente incomum da decomposição das águas e uma cor preta por cima que não tem nada a ver com esse processo”, comenta José Vitor.
A Cetesb tem opinião contrária à dos especialistas e afirma que a cor e o cheio forte são reações naturais à falta de chuva no leito do rio. “Existe a formação dessas algas nesta época do ano e em função do acúmulo de nutrientes no local, que seria o alimento das algas e a incidência excessiva de luminosidade, o que facilita a fotossíntese. Desta forma, as algas se proliferam de uma maneira significativa. Elas têm um ciclo de vida relativamente curto e a decomposição dela solta o odor desagradável”, explica o gerente regional da Cetesb em Bauru, Alcides Tadeu Braga.
Apesar de o órgão afirmar não se tratar de poluição, técnicos coletaram amostras do Tietê para garantir que não houve dano ao rio. A Cetesb orienta ainda que, enquanto durar o fenômeno envolvendo as algas, é melhor os banhistas ficarem longe do rio.