A crise hídrica atingiu em cheio cachoeiras de São Pedro, região de Piracicaba (a 152 quilômetros de Bauru), que ficaram secas na represa de Furna na última sexta-feira. A notícia, assinada por Carolina Gavioli, ganhou destaque no Jornal de Piracicaba – e foi reproduzida pelo site www.seuplaneta.com.br, da Associação Paulista de Jornais (APJ).
Segundo o jornal, o fato reduziu a visitação turística do local e para empresários do ramo hoteleiro a situação é preocupante. As cachoeiras são muito procuradas por visitantes. Elas ficam em uma região onde é possível realizar trilhas ecológicas.
Uma das principais atrações turísticas de Piracicaba, o passeio de barco até Tanquã, conhecido como “mini-pantanal paulista”, também foi afetado e teve o local de embarque alterado para a chácara do Gordo ao invés da Rua do Porto, como acontece normalmente.
O mês de junho registrou recorde de estiagem nos últimos 12 anos com apenas 1,4 milímetros de chuva, de acordo com dados da estação meteorológica da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).
A profundidade do rio Piracicaba estava 31% abaixo do normal, com 1,05 metro, enquanto a média esperada é de 1,54 metro. A vazão também estava abaixo do normal, com 22,9 mil litros de água por segundo, 65% menor que a média esperada para julho, de 67,4 mil litros de água.
E o cantareira?
O nível nos reservatórios do sistema Cantareira continua sofrendo quedas consecutivas, chegando ontem a 18,2% da sua capacidade de armazenamento, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O volume útil do sistema foi consumido e resta apenas o volume morto -reserva técnica, que era 18,5%. A Sabesp garante o abastecimento até meados de março do próximo ano. As informações são da Agência Brasil.
Há um ano, o Cantareira trabalhava com 55,2% da sua capacidade total, contando apenas com o volume útil. Outro manancial paulista, o sistema Alto Tietê, também registra queda significativa -o nível dos reservatórios está em 23,6% hoje, enquanto a capacidade era 63,4% há um ano. Em março, a Sabesp anunciou a redução da captação do Cantareira e a complementação dele por meio de outros sistemas, incluindo o Alto Tietê.
O Cantareira, além de abastecer 9 milhões de habitantes na grande São Paulo, atende a 5 milhões de pessoas nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Segundo o Consórcio Intermunicipal PCJ, que representa essas cidades, a situação crítica é claramente observada em rios como o Piracicaba. Enquanto a vazão normal desse rio para esta época do ano é, em média, 40 metros cúbicos por segundo, a vazão registrada hoje foi 9,6 metros cúbicos por segundo.
Reservatórios podem secar
O Estudo elaborado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), com financiamento do consórcio, mostra que o volume do Cantareira pode secar em menos de cem dias. O professor Antonio Carlos Zuffo, do Departamento de Recursos Hídricos da universidade, acompanhou a situação dos reservatórios do sistema e alerta para a possibilidade de atraso no início do período de chuvas este ano.
“Não se pode garantir que [as chuvas] voltam em outubro. Em 2013,só veio na segunda metade de dezembro. Foram só 15 dias de chuvas normais ano passado. Não sabemos se [neste ano] vai voltar com normalidade ou se vai atrasar”, disse o especialista. Zuffo defendeu uma redução na exploração da água para sobrevida do abastecimento.
JcNet