Ibitinga, Quinta, 18 de Abril de 2024
Apicultores de SP enfrentam a morte de milhões de abelhas
Pesquisadores divulgam relatório sobre causa das mortes. Na maioria dos casos, o uso de agrotóxicos provocou a mortandade
Apicultores de SP enfrentam a morte de milhões de abelhas

Apicultores de São Paulo enfrentam um problema grave: abelhas aparecem mortas, aos milhões. O assunto despertou interesse de pesquisadores de duas universidades paulistas. Só em um sítio em Pirassununga, região central de São Paulo, 50 caixas foram perdidas, o que equivale a quase dois milhões de abelhas mortas em abril. 

  Com tantas perdas, os apicultores paulistas querem saber o que tem provocado as mortes. Em busca dessas respostas, pesquisadores da Unesp e da Universidade Federal de São Carlos coletaram amostras das abelhas mortas. 

Em 78 cidades de São Paulo, os pesquisadores calculam que quase 255 milhões de abelhas morreram entre os anos de 2014 e 2017, e 107 produtores enfrentaram o problema. Na maioria dos casos, o uso de agrotóxicos provocou a mortandade. 

  Em Rio Claro, o professor e pesquisador da Unesp Rio Claro Osmar Malaspina coordenou a equipe que analisou as abelhas. “Você tem produtos aplicados erradamente, quer dizer, não pode ser aplicado de avião. Você tem produtos que são aplicados na área agrícola e só devem ser usados na área urbana. Você tem produtos que têm uma recomendação de uso de certa quantidade, eles aplicam três, quatro vezes mais. São vários erros de aplicação”. 

   Foram 88 amostras, colhidas nos últimos três anos. Em 59, os cientistas encontraram algum tipo de resíduo químico. Em um grupo, 27 tinham produtos usados fora da lavoura, como veneno para matar formigas. Em 21 amostras os pesquisadores encontraram produtos pro controle de pragas em lavouras e só em 11 não deu para saber o tipo de resíduo. 

  O estudo foi financiado por indústrias do setor de defensivos agrícolas. O pesquisador da Unesp diz que uma forma de evitar prejuízos é melhorar o diálogo entre apicultores e agricultores. “Avisar o vizinho para quando ele [o vizinho] tiver a necessidade de fazer a aplicação do defensivo, que avise com pelo menos 72 horas antes. Aí ele [apicultor] pode tomar algumas providências. Por exemplo, uma das providências é fechar a colônia à noite, no dia anterior à aplicação”, orienta Malaspina. 

  A mortandade prejudica não só o equilíbrio na natureza, como também a produção de alimentos. Segundo pesquisadores, 1/3 de tudo que chega à nossa mesa depende da polinização das abelhas. Quem acumula prejuízos não aguenta mais. “Espero das nossas autoridades alguma providência mais séria, né? Que a agricultura possa trabalhar e eu também possa tirar o meu sustento para a minha família”, diz o apicultor Gilberto Scherma. 

  O relatório da pesquisa foi encaminhado ao Ibama. O instituto informou que está avaliando o assunto.

Globo Rural

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