Ibitinga, Sexta, 19 de Abril de 2024
Sindicato Rural alerta sobre a grave da crise hídrica na agricultura
Crise hídrica afeta a produção de alimentos
Sindicato Rural alerta sobre a grave da crise hídrica na agricultura
Na foto: O produtor rural, Branco Santesso, e integrante da diretoria do Sindicato Rural

O Sindicato Rural de Ibitinga com extensão de base em Tabatinga, por intermédio de seu presidente, Sérgio Quinelato juntamente com sua diretoria executiva alerta que a crise hídrica está causando apreensão a agricultura. Os principais motivos para a falta de água no Brasil são: diminuição do nível de chuvas, aumento e desperdício do consumo de água.

  Vale frisar que a crise hídrica é resultado dos baixos níveis de água nos reservatórios, no momento em que deveriam estar em níveis normais para atender as necessidades da população. No Brasil, a falta de água tornou-se mais grave a partir do ano de 2014. Na ocasião, a região Sudeste foi a principal afetada. A atual crise hídrica é considerada a pior da história. Apesar do Brasil ter quase um quinto das reservas hídricas do mundo, a falta de água é uma realidade em várias regiões do país. Alguns estudos indicam que os episódios de falta de recursos hídricos devem se repetir nos próximos anos.

  De acordo com Sérgio Quinelato, presidente do Sindicato Rural de Ibitinga com extensão de base em Tabatinga, a agricultura é muito importante a economia do país e a crise hídrica é preocupante. “O setor agrícola abastece uma nação inteira e também é um dos principais setores da economia brasileira. Ainda diante de tantos desafios, como o enfrentamento de uma pandemia e a instabilidade brusca de clima, a agricultura é destaque, pois só em 2020 foi responsável por mais de R$ 1 trilhão em volume bruto de produção. Mas nos últimos meses, a crise hídrica está tirando o sono dos nossos produtores rurais e afetando inúmeros setores. Seca decorrente da falta de chuvas exige atenção de agricultores e autoridades para que o impacto no setor seja minimizado” ressalta Sérgio Quinelato.

  No entanto, não é só o problema na lavoura preocupa o produtor rural como também a alta nos valores de custos, como gastos com energia e ração. Essas elevações de valores podem ajudar no encarecimento de vários produtos agrícolas, o que, por sua vez, tende a se refletir no preço final ao consumidor. 

  Alimentos como leite e carne bovina, por exemplo, com os pastos mais secos e o alto custo da ração, tiveram aumentos impactantes na mesa do brasileiro. Em relação à carne bovina, ainda é possível verificar que o setor passa por uma diminuição na oferta há algum tempo e ela é um dos motivos que provocou a disparada do preço da carne que, em um ano, já subiu cerca de 40%.

 Outro produto que tive alteração durante a estiagem foi a laranja, que teve o desenvolvimento de florada e frutos prejudicados. Segundo pesquisas, o Brasil está em uma temporada positiva e, por isso, espera-se uma colheita de 294 milhões de caixas de laranja no ciclo 2021/22, quantidade 9,5% maior em relação ao ciclo passado. Mas, por causa da seca, esse volume está 10,5% abaixo da média das últimas dez safras. 

 O café, que assim como a laranja, já sente os impactos do déficit hídrico desde o ano passado. O fruto sofreu consequência negativa no enchimento dos grãos resultando em redução da colheita e segundo estimativa da Conab realizada no início do ano, a projeção para colheita caiu 25%.

  Segundo Clevervon Santesso (conhecido como Branco), produtor e membro da diretoria executiva do Sindicato Rural, acredita que é preciso usar a água com responsabilidade para não piorar a crise hídrica já existente. “O ideal é manter essa atividade em uma perspectiva que garanta a sustentabilidade não só dos recursos hídricos, mas dos elementos da natureza em geral. Uma boa estratégia, nesse sentido, é a realização de tipos de irrigação que economizem água, diminuindo a quantidade de recursos hídricos que não são aproveitados no processo produtivo do campo. Outro método de irrigação que economiza água é a micro aspersão. Esse sistema é constituído pela instalação de pequenos aspersores responsáveis pela distribuição da água. Também é possível economizar água por meio da aquisição de equipamentos que controlem os níveis das irrigações, adequando e controlando a vazão de água conforme as necessidades dos solos e das plantações em si. Com o uso adequado e cuidadoso dos recursos podemos ter uma chance de ajudar o setor agrícola de alguma forma”, finaliza Branco.

 

Parecer Técnico – com Valdecir Vasconcelos (técnico agrícola e consultor ambiental desde 1994)

 

A crise hídrica tem afetado de forma preocupante a agricultura. Desde 2019 a incidência de chuva caiu, a média da região de Ibitinga e Tabatinga que girava em torno de 1.300 a 1.500 milímetros chegou a marcar números abaixo de 1.000 milímetros. É uma queda brusca no índice pluviométrico. Se não bastasse, temos temperaturas climáticas recordes, no ano passado, por exemplo, tivemos temperatura passando da casa dos 40 graus. Então, vivemos dois extremos, a falta de chuva e as temperaturas altas, isso ocasiona um prejuízo muito grande, principalmente para o agricultor. 

  Esses fatores resultam na diminuição do nível do lençol freático e dos nossos aquíferos (reservatório de água subterrâneo). Outro fator que fator que colabora para crise hídrica é o aumento de captação de água subterrânea (famosos 'poços artesianos'), tanto em áreas rurais quanto em áreas urbanas. Com isso a crise hídrica só aumenta, pois você diminui o abastecimento (geralmente consequência da chuva que não estamos tendo) e aumenta a retirada. 

  Vale ressaltar que as nascentes da nossa região também foram prejudicadas e estão secas. Existem inúmeras propriedades sem água o gado beber e várias perdas de colheitas de alimentos. 

  Então, é tudo uma corrente. Os produtores rurais estão preocupados. Só no ano passado com a escassez de chuva a perda de cereais foi de 30 a 40%. A cana também foi prejudicada por sua colheita tardia. Há um mês, geadas fizeram com que o produtor rural tivesse uma perda muito grande e essa semana com as novas geadas, ou seja, é um prejuízo incalculável pode chegar a mais de 50% e reflete em tudo. 

  Em decorrência disso, as perspectivas é que para o ano que vem teremos baixos índices de chuvas novamente, comprometendo a produção de alimentos. Independente se os preços das commodities agrícolas estiverem altas, a ótica continuará negativa, pois sem chuva nada produz. Por isso, que a crise hídrica com oscilação brusca de temperatura tem preocupado muito o setor do agronegócio.

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