Ibitinga, Terça, 07 de Maio de 2024
Seca afeta hidrovia Tietê-Paraná e ameaça o escoamento de grãos
Barcaças já não conseguem operar com plena capacidade e empresas que usam terminal em Pederneiras podem parar dia 20
Seca afeta hidrovia Tietê-Paraná e ameaça o escoamento de grãos
Embarcações de transporte de grãos paradas no Porto Intermodal de Pederneiras / Foto: Joel Silva

   A seca sobre a bacia do rio Paraná já afeta as operações em uma das principais hidrovias do País, que tem um papel importante no escoamento de grãos do Centro-Oeste até o Porto de Santos. Operadores logísticos temem que o tráfego seja interrompido ainda neste mês. Com águas mais baixas, barcaças que trafegam na hidrovia Tietê- Paraná já não conseguem operar com plena capacidade, sob risco de não conseguir passar pelo pedral de Nova Avanhandava, no rio Tietê, principal gargalo da rota. 

   O Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo vem reduzindo gradativamente o calado máximo das embarcações, o que afetou também o número de comboios em operação. Entre janeiro e maio, foram 24. Atualmente, apenas dez estão trafegando na hidrovia. "O problema afeta diretamente o transporte da produção agrícola do Brasil", diz. 

   Segundo estatísticas do governo paulista, em 2020, passaram pela hidrovia 6,16 toneladas de carga. "A hidrovia não está inoperante. As empresas operam abaixo do limite da carga nas barcaças", afirma a Prefeitura de Pederneiras (26 quilômetros de Bauru), que sedia um terminal de transbordo de grãos entre barcaças e a ferrovia da MRS, que vai até o Porto de Santos. 

   A prefeitura afirma, porém, que os operadores instalados no município já falam em paralisação no próximo dia 20, caso o cenário hidrológico não apresente sinais de melhora. "O que acontece com Pederneiras é que a cidade tem uma dependência financeira do Porto Intermodal, onde a gente recebe as mercadorias até serem embarcadas até o porto de Santos", diz a prefeita Ivana Maria Bertolini Camarinha (PV). "Isso gera um imposto importante para nosso município, gera emprego. A partir do momento em que parar a navegação, esse grão, esses produtos que são exportados a partir de Pederneiras para Santos e, dali, para o resto do mundo, vão ter que chegar aqui de caminhão. Isso vai aumentar o custo e gerar muito problema. Especificamente para Pederneiras, vai gerar menos recursos, menos empregos, o que afeta a cidade". 

   A Louis Dreyfus, que é uma das empresas instaladas em Pederneiras, disse que "considera fundamental que os órgãos responsáveis encontrem soluções que possam garantir as condições de operação ininterrupta e uso compartilhado da água, inclusive a navegação, mesmo em períodos de volumes de água mais baixos". 

 

PARALISAÇÃO

  O governo federal já trabalha com a possibilidade de interrupção do fluxo. A região, que passa pela pior seca desde que os registros começaram a ser feitos, é também de fundamental importância para o setor elétrico, já que os reservatórios de suas hidrelétricas concentram dois terços da capacidade de armazenamento de energia do subsistema elétrico Sudeste/Centro-Oeste. 

   Na segunda-feira (9), de acordo com o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o nível médio dos reservatórios desse subsistema chegou a 28,87%, e a expectativa é que o valor fique abaixo dos 10% no fim do ano. 

   A hidrovia foi totalmente paralisada na última grande crise hídrica do País, entre 2014 e 2015, com prejuízo estimado pelo Departamento Hidroviário em pelo menos R$ 700 milhões, considerando aumento no custo do frete, demissões, suspensão de investimentos e custos portuários. 

"É por isso que a Secretaria de Logística e Transportes entende que é importantíssimo mudar a matriz energética do país para diminuir a dependência das hidrelétricas", declara o órgão. "A secretaria acredita que tem faltado uma ação mais firme de planejamento para atenuar o problema, que é recorrente e vem se agravando em períodos mais recentes". 

   A crítica encontra eco entre especialistas do setor elétrico, que classificam como negacionista a hesitação do governo em adotar medidas de redução do consumo de energia. Um programa de economia voluntária por indústrias foi anunciado só no início de agosto, mas ainda não está operacional. Para residências e comércio de pequeno porte, o incentivo à economia ainda está sendo estudado pelos órgãos do setor elétrico. 

 

Reunião em Barra Bonita 

 

  A prefeita de Pederneiras Ivana Maria Bertolini Camarinha participou nesta quinta-feira (12), em Barra Bonita, de almoço com os prefeitos de Barra Bonita, Igaraçu do Tietê, Itapuí e Boraceia, com participação de membros das Secretarias Estaduais de Turismo e de Logística e Transportes e do Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo, para discutir o potencial da Hidrovia Tietê-Paraná nos setores econômicos, de turismo e de meio ambiente. O almoço foi uma pré-reunião de preparação e ajustes para o encontro principal que ocorrerá no próximo mês, com outras autoridades do estado, visando à discussão de propostas para a hidrovia. 

 

Fonte: Jcnet

 

 

 

 

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