O número de testamentos registrados em cartórios de notas, no país, aumentou 41,7% no primeiro semestre de 2021, comparado com igual período do ano passado. Foram 17.538 documentos lavrados de janeiro a junho deste ano, contra 12.374 no mesmo período de 2020.
Em números absolutos, o primeiro lugar ficou com São Paulo, que passou de 3.933 testamentos no primeiro semestre de 2020 para 5.335 em igual período de 2021 (alta de 36%). Em relação a dez anos atrás (janeiro a junho de 2011), o aumento no estado de São Paulo alcançou 94,21%.
“São pessoas que anteciparam a vontade de fazer um testamento, estimuladas pelo medo generalizado causado pela onda de mortes provocadas pelo coronavírus”, explica Giselle Oliveira de Barros, tabeliã há 12 anos e presidente do Colégio Notarial do Brasil (CNB) – Conselho Federal, em entrevista ao G1. A entidade reúne os quase 10 mil cartórios de notas de todo o país.
Segundo a presidente do CNB, mais brasileiros têm se interessado em fazer um testamento nos últimos anos, e a pandemia serviu como mola propulsora.
“O fato de a pessoa estar ótima hoje e, em duas semanas, vir a falecer fez muita gente buscar os cartórios, até mesmo quando já estava isolada após o diagnóstico positivo ou internada”, conta Barros.
Testamento vital
Também passou a ser mais procurada, durante a pandemia, a Diretiva Antecipada de Vontade (DAV), conhecida popularmente como "testamento vital". É um documento público que indica, por exemplo, a quais tratamentos e procedimentos médicos uma pessoa deseja se submeter, se ficar inconsciente por causa de uma doença ou um acidente.
Essa Diretiva Antecipada de Vontade, foi aprovada pelo Conselho Federal de Medicina, através da Resolução CFM n.º 1.995/2012.
Ibitinga
Em Ibitinga o número de testamentos não aumentou devido a pandemia. Juntos, o 1º e o 2º Cartório de Notas foram procurados para fazer 18 testamentos em 2020, e 17 em 2019. No ano de 2018, em Ibitinga foram produzidos 19 testamentos, 2017 foram 18, e em 2016 foram 07.
O tabelião Dr. José Luiz Martineli Aranas vê vantagens em testamento. Para ele, o testamento é melhor que a doação. “Na doação você dispõe do bem, e o bem não é mais seu”, explica. “No testamento você pode dispor do bem. O testamento é revogável, e o bem continua sendo seu”, esclarece Aranas.