Produtores de cana-de-açúcar desejam plantas vigorosas e com elevada produtividade, por isso estão atentos ao manejo dos seus canaviais. O solo não pode ficar de fora desse planejamento, e são muitas as técnicas e produtos que podem ser utilizados ao longo do ciclo de vida da cana para favorecer a saúde e o crescimento da planta. Entre eles, estão os bioestimulantes.
“O bioestimulante pode ser biológico ou à base de hormônios sintéticos, e basicamente estimula a planta a produzir raízes. Ele pode ser aplicado no momento do plantio ou no corte de soqueira, induzindo a produção de hormônios de crescimento e contribuindo para o alongamento e aumento do diâmetro do colmo, para o estímulo radicular e aprofundamento de raízes”, explica a engenheira agrônoma Nathalie Yamashita, da Corteva Agriscience.
Gustavo Chavaglia, integrante da Comissão Técnica da Cana-de-Açúcar e Energia renovável da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), afirma que, embora já sejam bem conhecidos, os bioestimulantes ainda não mostraram todo o seu potencial. “O uso de bioestimulantes está em ascensão na agricultura, entretanto se trata de um produto ainda relativamente novo, com cerca de 10 ou 15 anos de uso por parte do produtor rural”, afirma. Além dos bioestimulantes, diz ele, estão ganhando espaço nas lavouras brasileiras os biodefensivos e biocompetidores, entre outras opções biológicas acessíveis ao produtor.
Por que são usados?
Os bioestimulantes atuam no solo, aumentando a biomassa. Esse aumento, por sua vez, permite a maior decomposição e mineralização do material orgânico, maior enraizamento das plantas, com boa absorção de nutrientes e aproveitamento de fertilizantes, além de contribuir para maior resistência à seca. A combinação entre o bioestimulante e outros produtos, como fungicidas e inseticidas, aumenta a efetividade da técnica, especialmente em áreas de novos plantios ou reforma.
Universidades e centros de pesquisa têm produzido diversos estudos para compreender melhor de que forma os bioestimulantes atuam e quais são as medidas ótimas de uso a cada caso. E, de fato, cada caso é um caso. No entanto, segundo Chavaglia, os resultados do uso de bioestimulantes são visíveis. “Acréscimos de produtividade podem ser percebidos de acordo com o produto, porém uma planta mais estimulada se defende melhor de pragas”, afirma
A escolha do produto
A escolha do bioestimulante deve, de preferência, ter o acompanhamento de um engenheiro agrônomo. “Existem diversos produtos biológicos, cada um com sua especificidade e direcionamento conforme avaliação da praga ou doença que esteja prejudicando a lavoura, incorrendo a necessidade de avaliação técnica para aplicação. No caso de bioestimulantes, que ajudam no desenvolvimento e produtividade, a avaliação e acompanhamento de um agrônomo é necessária para decidir o que, quanto, quando e como aplicar o produto”, alerta Chavaglia.
Yamashita, por sua vez, diz que a opção pelo bioestimulante leva em conta as referências de produtividade que o produtor possui. Se os resultados da lavoura estiverem abaixo do referencial, vale a pena considerar o uso do produto. O acompanhamento profissional indica qual formulação – com quais substâncias e dosagens – pode ser melhor aproveitada na lavoura.
Um ponto a ficar sempre atento, de acordo com a engenheira agrônoma, é a origem do produto. “É preciso levar em conta o fabricante, para não correr risco de trabalhar com uma formulação ruim ou fontes que não sejam confiáveis. As grandes empresas atuam fortemente no desenvolvimento do produto, e por isso já têm usuários com bons resultados”, pontua.