A área plantada com eucaliptos cresceu 28,8% na região de 16 cidades que integram o Escritório de Desenvolvimento Rural de Araraquara, entre 2007 e 2010, segundo levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Pelos dados, em 2007, havia 21,7 mil hectares plantados com eucalipto. Até 2010, esta área aumentou para 27,9 mil hectares.
A madeira do eucalipto é usada em indústrias de papel e celulose e na construção civil.
A cidade da região com maior área plantada com de eucalipto é Boa Esperança do Sul, com 9 mil hectares. Na outra ponta, Américo Brasiliense tem apenas 22 hectares.
O engenheiro florestal José Zani Filho é dono da Agriflora, empresa que produz e comercializa mudas de eucalipto da espécie Eucalyptus urograndis — um híbrido das espécies E. urophyla com E. grandis — a mais comum na região.
Segundo ele, a tendência é de haver um aumento de até 50% da área plantada nos próximos quatro anos, uma vez que a cultura tem revelado custo-benefício melhor que o da cana-de-açúcar, apesar de o retorno acontecer em médio e longo prazos.
Zani Filho conta que plantar eucaliptos era um tabu há poucos anos, mas, como existe uma demanda por madeira muito grande da parte das fábricas de celulose, da construção civil e para geração de energia, muitos produtores têm migrado para a cultura nos últimos cinco anos. "Pelo menos 60% do eucalipto é usado como lenha nos fornos industriais ou na construção civil", diz o investidor.
Segundo Zani Filho, o eucalipto demora até cinco anos para ser cortado e rende algo em torno de R$ 2,5 mil por hectare ao ano para o produtor, livre de outros gastos. É possível plantar cerca de 1,7 mil mudas por hectare, a um custo aproximado de R$ 0,30 cada.
Migração
O empresário e produtor rural Fabio César Tamião, 45 anos, manteve pastagens e criação de gado em sua propriedade de 100 hectares por anos. Há seis anos, resolveu dividir a área em seis partes para plantar eucalipto em uma delas a cada ano, de forma a começar a colher anualmente após o quinto ano.
Tamião conta que a cultura tem apresentado uma boa rentabilidade e dá menos trabalho com manutenção do que laranja e cana, por exemplo. "Dá para conseguir bons preços por metro cúbico de madeira. Nos dois anos que colhi, consegui um bom resultado. Estou satisfeito com o retorno obtido", conta.
R$ 2,5 mil
é o quanto a cultura de eucalipto pode render por hectare ao ano para o produtor
Empresas mantêm área plantada e florestas naturais
A International Paper, indústria produtora de celulose e papel na cidade de Luís Antônio, próxima a Araraquara, diz que mantém 3.630 hectares próprios de floresta, sendo aproximadamente um terço dessa área de reserva permanente (floresta nativa). O restante é ocupado por plantações de eucalipto.
Da mesma forma, dos mais de 102 mil hectares que a empresa possui no Brasil, mais de 26 mil hectares abrigam áreas protegidas, incluindo extensões de Reserva Legal, Áreas de Preservação Permanente (APP) e uma reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
Análise
No Estado, área cresceu 22,5%
Quando foi feito o Levantamento por Unidade de Produção Agrícola (Lupa) no biênio 1995/96, a área ocupado pelo eucalipto no Estado de São Paulo era de 24,4 mil hectares.
Dez anos mais tarde, essa área cresceu para 29,9 mil hectares — um aumento de 22,5%.
Assim, frente ao preço das madeira, que vêm crescendo, e às facilidades, bem maiores do que outras culturas devido à demanda da construção civil, energia e produção de celulose, acredito que no próximo Lupa, o aumento da área plantada com eucalipto no Estado seja da ordem de 30%.
Eduardo castanho Filho
Pesquisador IEA
fonte: Araraquara.com