Há seis meses o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto realiza um trabalho terapêutico para tratar insônia sem o uso de medicamentos. O tratamento é baseado na mudança de comportamento.
Os pacientes precisam vir encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde. Além disso, alguns distúrbios do sono, como problemas respiratórios, por exemplo, precisam já terem sido tratados.
A psicóloga responsável pelo projeto, Karine Marques Caldeira, explica que o serviço é oferecido para tratar especificamente quem sofre de insônia crônica e que o método é mais eficaz do que a utilização de medicamentos.
Segundo ela, a insônia muitas vezes está associada a questões comportamentais. Em alguns casos, o remédio é usado em estágios iniciais, mas é retirado de maneira gradual. "Nesses casos analisamos quem tem fator predisponente, os traços da personalidade e depois os precipitantes que possam ter desencadeado uma insônia aguda que com o tempo pode se tornar crônica", explica Karine.
O objetivo é entender como o paciente lida com a insônia. "Em geral a fase aguda é resolvida, mas há casos em que ela pode se tornar crônica", afirma.
O tratamento consiste exclusivamente na mudança dos hábitos de dormir. Um dos primeiros passos é ir para a cama só quando o paciente estiver com sono e não ficar "se esforçando" para dormir. Outros pontos importantes são evitar comer à noite, navegar na internet ou ver televisão na cama.
"Essas pequenas mudanças já surtem um grande efeito e precisam ser associadas à atividade física. Além disso é importante deitar-se e acordar em horários regulados, mesmo aos fins de semana e aos feriados", ressalta Karine. Dos dez pacientes atendidos até agora no hospital, 50% já estão conseguindo dormir melhor.
A psicóloga alerta que o tratamento da insônia de maneira terapêutica não envolve psicoterapia para tratar outros problemas. "A técnica é específica para tratar problemas do sono", afirma. Além disso, é importante investigar qual evento pode ter precipitado a insônia na vida do paciente. "O intuito é ensinar a eles como lidar com a insônia e não tratar quadros de ansiedade ou depressão", diz.
Tecnologia se torna vilã na hora de dormir
A psicóloga Karine Marques Caldeira alerta que a internet se tornou uma "vilã moderna" para quem sofre de insônia. De acordo com ela, ficar muito tempo nas redes sociais, salas de bate-papo ou em jogos eletrônicos agrava o quadro de quem sofre de insônia.
"Você acaba prejudicando o sono e pode levar a pessoa a desenvolver insônia ainda mais se ela tiver uma pré-disposição", alerta.
A psicóloga ressalta que tudo o que acontece durante a noite reflete durante o dia. Pessoas que sofrem de insônia sentem desatenção, dificuldade de concentração e têm mais chances de se envolverem em acidentes de trânsito, por exemplo.
Também é importante ficar atento quando a pessoa compensa o dia dormindo o que não conseguiu à noite.
Fonte:A Cidade