O número de mortes pelo cólera no Haiti subiu a 1.110, segundo balanço divulgado na última quarta-feira (17) pelo Ministério da Saúde. Entre terça e quarta, foram registradas mais 76 mortes.
O número de internações subiu 1.583, para 18.382, desde o começo da epidemia, em meados de outubro.
Na capital, Porto Príncipe, onde ainda existem muitos campos de refugiados de vítimas do terremoto de 12 de janeiro, o número de mortes subiu de 38 para 46.
As autoridades temem que a doença se espalhe pela capital, por conta das condições precárias de higiene nos abrigos.
A médica Tais Rodrigues Lara, especializada em cuidados intensivos do Hospital Israelita Albert Einstein foi ao Haiti como voluntária e declarou por telefone a imprensa, que a situação lá é grave. “A gente não sabe nem por onde começar, e fica frustrado porque queria ajudar mais”, revelou Tais. Os médicos voluntários que foram ao Haiti para tratar as vítimas do cólera estão de mãos atadas por problemas logísticos. Ela esteve no país no início de janeiro para ajudar as vítimas do terremoto e ao retornar agora, disse que o cenário é muito parecido com a que viu há oito meses. “Há cerca de 1,3 milhão de pessoas vivendo em tendas, não há saneamento, coleta de lixo ou rede de água e esgoto”, afirmou Tais.
A doença
O cólera é uma infecção intestinal causada pela bactéria Vibrio cholerae, que provoca diarreia grave. O tratamento precoce com antibióticos elimina as bactérias e costuma parar a diarreia em 48 horas. Mais de 50% dos pacientes com cólera grave morrem se não forem tratados. Mas, com hidratação rápida, a mortalidade é inferior a 1%. A cepa (variedade) do vibrião do cólera que está circulando no Haiti pode matar em apenas 4 horas, segundo os médicos.
O kit para combater o mal não é nada sofisticado: soro para reidratação endovenosa, cateter (tubo para injetar o soro na veia), lençóis, luvas descartáveis e álcool em gel. Evitar a desidratação rápida é essencial para salvar os doentes. A grande dificuldade no Haiti é que para qualquer deslocamento, mesmo pequeno, leva-se 45 minutos. O trânsito lá é caótico, por dia perde-se de 4 a 5 horas no trânsito.