Por causa da estiagem registrada em dezembro e do baixo volume de chuvas em janeiro, fevereiro e março — nos primeiros três meses de 2012 choveu apenas 1/3 do que deveria —, houve um retardamento no desenvolvimento da cana-de-açúcar, e o início da safra deste ano vai começar com atraso, apenas em maio, praticamente em todo o Estado de São Paulo. Em abril do ano passado, 67% das unidades produtoras já haviam iniciado o processamento.
Os reflexos da falta de chuva podem ser constatados nos canaviais da região. A cana que se desenvolveu está fina e cresceu pouco, apresenta muitas folhas secas e brotos que não vingaram e, mesmo que o clima mude e traga chuva para a região, os efeitos da seca dificilmente serão revertidos, na opinião de especialistas.
Em função do envelhecimento dos canaviais, após um período de baixos investimentos em 2009 e 2010, não se espera grande crescimento da moagem em 2012/13. Segundo depoimento do economista do Centro de Pesquisas do Agronegócio da PwC, Marco Conejero, a recuperação do setor deve ser em torno de 5%.
O presidente da Organização dos Produtores de Cana do Centro-Sul (Orplana), Ismael Perina, afirmou em entrevista que os fornecedores de cana de São Paulo, principal Estado produtor do país, já trabalham com a expectativa de colher em 2012 o mesmo volume de 2011. "Era certo que não conseguiríamos voltar para 100 milhões, como há dois anos. Mas também estávamos mais confiantes de que seria maior que 80 milhões, devido aos investimentos feitos no canavial", disse Perin. Agora, segundo ele, já se voltou a apostar na repetição do número do ano passado.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara, Péricles M. Junior, a safra este ano começa mais tarde e termina mais cedo. A estimativa de queda sobre o número apurado no ano passado — de R$ 21 milhões de toneladas — é de 20%.
Segundo o presidente da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste), Manoel Ortolan, a perda de produtividade deve fazer com que a safra atual da cana-de-açúcar em toda a região seja 6% menor do que o esperado.
Como mostram as expectativas negativas dos representantes, o atraso na safra de cana será histórico e preocupante, pois a queda na safra significa menos etanol e menos açúcar disponíveis no mercado e, conseqüentemente, alta nos preços.