Os trânsitos de Vênus acontecem aos pares, com oito anos de intervalo, e mais de um século entre os ciclos. Durante a passagem, Vênus surge como um pontinho escuro e circular passando na frente do Sol.
O trânsito de terça-feira, "complementando" o de 2004, começa às 19h09 (hora de Brasília) e dura seis horas e 40 minutos. Os horários podem variar em até sete minutos, dependendo da localização do observador.
Em sete continentes, inclusive a Antártida, os observadores poderão ver o fenômeno de forma total ou parcial. Ele só deve ser observado com telescópios equipados com filtros solares, para proteger os olhos.
Pela internet, um arsenal de telescópios terrestres e espaciais irá divulgar fotos e vídeos ao vivo. Até astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional irão participar.
"Faz tempo que estou planejando isso", disse o engenheiro de voo Don Pettit em entrevista para a Nasa. "Eu sabia que o trânsito de Vênus aconteceria durante o meu turno, então trouxe um filtro solar comigo."
E o evento não se resume a belas fotos. Várias experiências científicas estão planejadas, inclusive estudos que ajudariam na busca por planetas habitáveis além da Terra.
Um dos mais raros eventos astronômicos acontece nesta terça, 4, e quarta-feira, 5, quando o planeta Vênus passa entre a Terra e o Sol, o que só irá se repetir em 2117.
Isso porque essa busca é feita quando planetas extrassolares passam diante das suas estrelas, como Vênus diante do Sol. O trânsito desta semana será uma oportunidade de mensurar a densa atmosfera venusiana, e os dados serão usados no desenvolvimento de técnicas para a mensuração de atmosferas de outros planetas.
As pesquisas também podem revelar por que a Terra e Vênus, que têm quase o mesmo tamanho e orbitam a quase a mesma distância em relação ao Sol, são tão diferentes.
Vênus tem uma atmosfera sufocante, cem vezes mais espessa que a nossa, e quase toda composta por dióxido de carbono, um gás do efeito estufa que eleva a temperatura de lá a quase 500ºC. Enormes nuvens de ácido sulfúrico se deslocam a 350 quilômetros por hora, causando tempestades ácidas. Tudo isso pode ajudar os cientistas a entenderem as mudanças climáticas na própria Terra.
Durante trânsitos anteriores de Vênus, os cientistas puderam calcular o tamanho do Sistema Solar e a distância entre o Sol e seus planetas.
O trânsito de terça-feira é apenas o oitavo desde a invenção do telescópio, e será o último até 10/11 de dezembro de 2117.
Esse é também o primeiro trânsito ocorrido na presença de uma sonda terrestre em Vênus. Observações da sonda europeia Express serão comparadas às dos vários telescópios terrestres e espaciais.
E, naturalmente, não poderia faltar um aplicativo para astrônomos amadores. Quem tiver celulares com sistemas Apple ou Android poderá baixar um programa gratuito para aprender mais sobre o trânsito, interagir com observadores e acompanhar em tempo real o trânsito ao redor do mundo. O aplicativo está disponível em vários sites, inclusive http://tov2012.esri.com/, http://transitofvenus.nl/wp/ e http://www.eclipse-maps.com.
Estadão