A colheita da laranja já deveria ter começado na região, mas a falta de compradores tem feito produtores optarem por deixar a fruta apodrecer no pé. Uma situação que agrava, ainda mais, a já delicada situação da citricultura paulista, que nos últimos anos tem sofrido endividamentos em função dos baixos preços pagos pela fruta e dos problemas fitossanitários, com doenças como o greening e a pinta preta.
A crise desta safra aconteceu porque as indústrias estão processando suas próprias frutas e se negando a fechar novos contratos de compra, alegando ter 335 mil litros de suco estocados. Além disso, o preço do suco está em queda no mercado internacional, o que torna os novos investimentos inviáveis.
A falta de compradores para as frutas precoces está prejudicando mais de sete mil citricultores paulistas, entre eles, Lorenço Santesso, produtor de laranja há mais de 40 anos em Ibitinga e seu filho Cleverson Santesso, produtor há mais de 30 anos. Bastante desanimados com a atual crise da laranja, e decididos a não ter mais prejuízos, os produtores pretendem investir em outras atividades.
O investimento de ambos na safra 2012/2013 foi cerca de R$ 12,00 por caixa, com expectativa de colheita de três caixas por pé de laranja. Se não conseguirem vender o que resta da produção, sua perda será total. “Vivenciamos outra crise com a laranja, em 1.999, mais não se perdeu tanto como hoje, pois os gastos eram menores. Tivemos prejuízo, mas conseguimos arcar com ele. Hoje para se produzir laranja o custo é muito alto”, explica Cleverson.
Produtor na região de Tabatinga há mais de 20 anos, Valdecir Vasconcelos, vivencia situação semelhante. Investiu cerca de 20 mil reais, já prevendo uma situação não muito boa da laranja, mas esperando colher cinco mil caixas e ter um retorno de 60 mil reais. Agora, com cerca de duas mil caixas já perdidas da produção, aguarda as medidas do governo federal para decidir se erradica ou não seus pés de laranja.
“Já passei por uma crise assim em 1.999 onde tive que pagar para derrubar a plantação, para que as frutas não apodrecessem todas nos pés. Naquela época muitos citricultores abandonaram a produção e isso deve se repetir este ano. Eu já tenho mais de 50% da minha propriedade tomada pela cana-de-açúcar e se nada melhorar, se o preço estiver muito ruim, o melhor é erradicar tudo e virar cana mesmo, pelo menos me resguardo de uma nova crise”, completa.