Os agricultores do Assentamento Bela Vista do Chibarro, em Araraquara, pedem mudanças e melhorias urgentes ao Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (Incra) na região. A principal delas diz respeito à possibilidade de poder plantar cana-de-açúcar em metade de suas propriedades, para garantir mais ganhos e poder reestruturar a vida no campo.
Uma reunião foi feita ontem com assentados e representantes do Instituto Biossistêmico (IBS), organização contratada pelo Incra para prestar assistência técnica aos assentamentos.
Várias reivindicações foram feitas, como a oferta de cursos de capacitação, formação de cooperativa, construção de silo, balança e farinheira, além de um posto policial.
No entanto, o ponto principal, é o pedido para que o Incra aceite que os assentados plantem metade de seus lotes — equivalente a três alqueires — com a cultura de cana-de-açúcar. O Incra é contrário ao procedimento. (veja ao lado)
Realidade
Mas, a vida no campo não tem sido fácil e essa seria a única saída para evitar maior endividamento aos assentados. "Não temos tido opções. Ainda mais com as mudanças climáticas. No entanto, o Incra diz que terá uma proposta melhor para nós e resta aguardar", explica Silvani Silva, uma das líderes dos assentados.
Em 2008 e 2010, dezenas de assentados foram proibidos pelo Incra de colher a cana plantada, pois excedia o espaço-limite. "Por isso, queremos regulamentar isso de modo a ganhar mais e ir fortalecendo a agricultura familiar."
Incra vê monocultura como passo contrário à agricultura familiar
A prática é considerada ilegal por ir contra a função prevista para os assentamentos, que é fortalecer a agricultura familiar e produzir alimentos. Caracterizada como monocultura, a cana não atenderia a esse objetivo e tornaria os agricultores dependentes dos usineiros. A cultura é permitida em menos de 50% do lote e o trabalho todo deve ser feito unicamente pelo próprio agricultor.
Tribuna Impressa