Qual o 'balanço' que o SRI faz do ano de 2012?
Foi um ano muito difícil do ponto de vista de remuneração para algumas culturas, em destaque a citricultura, mas ao mesmo tempo muito bom para cereais como soja, milho e amendoim. Com relação ao clima, especialmente neste início de safra 2012/13, está sendo complicado para a germinação e desenvolvimento de diversas culturas, devido à irregularidade das chuvas e temperaturas muito elevadas, em alguns casos, até inviabilizando a germinação e crescimento das plantas.
O que citricultores, suinocultores e avicultores podem esperar da próxima safra?
No caso da citricultura, apesar de não termos conseguido que todos os nossos pedidos fossem atendidos pelas autoridades — como indenização aos citricultores que perderam toda safra —, conseguimos inserir a laranja na Politica de Preço Mínimo do Governo Federal, o que possibilitou a participação nos leilões de Pepro (Prêmio de Escoamento de Produção) e PEP (Prêmio de Estocagem de Produção) e também duas linhas de crédito emergencial com prazo de até cinco anos para pagamento. Uma através do FEAP (com valor de até 100 mil reais por produtor com juros de 3%aa) e outra do BNDES (com valor de até 150 mil por CPF com juros de 5% aa). Além disso, conseguimos autorização de renegociação das dívidas dos produtores de citros por cinco anos nas mesmas condições antes pactuadas (alertamos os produtores a solicitarem a prorrogação junto à instituição bancária com custeio relacionado à laranja). Apesar destas conquistas, a situação de muitos citricultores é difícil, e por causa da alta instabilidade de remuneração da cultura (mesmo com os excelentes preços do suco no mercado internacional), muitos optaram por mudar de atividade. Para a citricultura, portanto, o próximo ano ainda preocupa devido, principalmente, à falta de concorrência pela compra do produto. No entanto, uma luz começa a surgir. A última estimativa de 2012 da safra da Florida (segundo maior produtor mundial de citros) foi reduzida em 5%, chegando ao valor de 146 milhões de caixas para a safra 2012/13, há também uma redução muito forte da próxima safra brasileira, devido aos baixos investimentos feitos neste ano, resultantes da baixa remuneração, da perda de frutos pela falta de colheita e das condições desfavoráveis de clima durante o florescimento e pegamento dos frutos, além do grande número de plantas erradicadas. Essa queda deve aquecer um pouco o mercado. Quanto aos suínos e aves, nas oportunidades em que o SRI esteve em Brasília, no MAPA e na CONAB, e em São Paulo, na FAESP, informamos sobre nossa preocupação com os custos dos insumos para alimentação, em destaque o milho e a soja, assim como com a baixa remuneração ao produtor. Algumas políticas também foram implementadas para estes setores, e para o próximo ano a situação deve melhorar devido, principalmente, à reabertura de alguns mercados para exportação que estavam com restrições a carne suína brasileira, e também ao aumento das exportações para China.
O arrendamento para a produção de cana-de-açúcar, parece ser uma alternativa para os produtores que estão deixando a laranja, porém, há restrições quanto ao impacto ambiental desta cultura para a região de Ibitinga e Tabatinga. Qual a orientação do SRI?
Frauzo: Este é, sem dúvida, um bom momento para explicarmos esta máxima que vem sendo repetida por muito meios de comunicação, embora não haja comprovação científica de que a cana representa um sério dano ambiental. Ao contrário, a cana representa um ganho ambiental e não uma perda, pois do ponto de vista de sequestro e fixação do carbono ela tem balanço positivo (quer dizer que fixa muito mais carbono do que libera, isso mesmo considerando a queima do álcool pelos carros). O balanço só é quase neutro quando se promove a queima da cana antes da colheita, mas na nossa região as usinas já estão com mais de 70% das áreas sendo colhidas sem a queima (e até 2016 chegarão próximo a 100% em todo estado de São Paulo). Portanto, neste momento, mesmo queimando ainda 30% das áreas o sequestro/fixação do carbono é maior do que a liberação, ajudando a limpar a atmosfera do nocivo gás carbônico, que causa o chamado efeito estufa. Outro fator importante é que a cana entra em muitas áreas de pastagens ou cultivos degradados promovendo a conservação de solo e da água. O problema da cana é que está se tornando a única opção para uma grande maioria de produtores, e do ponto de vista econômico a monocultura não é boa, pois em caso de crise todos são afetados. O ideal para os municípios e a região é a diversificação de culturas. O problema ambiental está nas cidades, nas fábricas que poluem e nos carros, não nos plantios no campo, que produzem alimento, energia e renda, além de ajudar a fixar os excessos de carbono produzidos nos centros urbanos, estes sim, muito poluidores, além de serem ilhas de manutenção de calor excessivo, devido a pouca arborização, e impermeabilizadores do solo, que dificultam o abastecimento do lençol freático. Nosso trabalho de esclarecimento é constante. Através de cursos e palestras buscamos orientar os produtores sobre as melhores técnicas e propostas de uso e conservação do solo. Também alertamos as autoridades municipais sobre as melhores formas de conservação das estradas, importantes fontes poluidoras dos mananciais hídricos.
Ibitinga registrou aumento de cultivo de milho e amendoim, acredita ser esta uma tendência?
Frauzo: Sim, dado o bom momento por que passam estas culturas, tanto no mercado interno quanto externo. Para os próximos anos a expectativa é positiva, devido à demanda (principalmente na China) e ao competitivo custo de produção que o Brasil tem nestas culturas dado os excelentes índices de produtividade obtidos ano após ano.
O SRI fez-se presente durante todo o ano em São Paulo e Brasília no apoio a soluções para a citricultura, quais os reflexos de representatividade para a cidade e região?
Frauzo:O trabalho do SRI nestes 47 anos de existência foi muito importante e está comprovado no número de quase 800 associados. Só em Ibitinga são mais de 600 associados, o que corresponde a mais de 80% dos produtores do município filiados, número que nenhum sindicato do Estado possui. Em Tabatinga estamos com pouco mais de 120 produtores, número que pretendemos ampliar muito nos próximos anos, esclarecendo sobre as vantagens de ser sindicalizado. Os reflexos dessa representatividade são os resultados obtidos para a laranja neste ano, o respeito e atenção das autoridades, tanto locais como regionais e nacionais, aos nossos pedidos e a atuação frente a outras demandas como da questão ambiental, amplamente debatida este ano, e que culminou na aprovação do Código Florestal e APA de Ibitinga. Convidamos os produtores que ainda não são associados ao Sindicato Rural para conhecerem nosso trabalho e filiarem-se, pois com sua participação poderemos fortalecer a entidade e representar melhor os interesses da classe, além de prestarmos os melhores serviços contábeis e fiscais para atividade agropecuária.