A AES Tietê, uma das maiores geradoras de energia do país, iniciou este ano o trabalho de repovoamento da piracanjuba, espécie de peixe extinta no rio Tietê há mais de 30 anos. A expectativa da empresa é que em até cinco anos o peixe volte a ser encontrado em grande número em ambiente natural.
Até março de 2013, devem ser reproduzidos mais de 500 mil alevinos de piracanjuba. Nos últimos cinco anos, já foram soltos 2 milhões de peixes em caráter experimental. “Esses exemplares foram monitorados, e ao longo do tempo acompanhamos o crescimento e o comportamento deles. Os resultados indicam que há condições para o repovoamento em maior quantidade”, explica Silvio Alves dos Santos, analista de Meio Ambiente da AES Tietê e responsável pelo trabalho de repovoamento nos reservatórios da empresa. Todo o processo, desde a reprodução até a soltura, é acompanhado e autorizado pelos órgãos ambientais competentes.
O trabalho com a espécie começou há 12 anos com o desenvolvimento das matrizes e das técnicas de reprodução em cativeiro. “Nós tivemos que buscar as matrizes no rio Paraná, e foi feito um trabalho de aprimoramento genético para o peixe voltar e se adaptar bem ao rio Tietê”, diz Santos.
Cada matriz leva, em média, cinco anos para iniciar a reprodução pelo processo seminatural, utilizado na empresa. Essa metodologia consiste na aplicação de hormônios para estimular a produção de óvulos e espermatozoides. Após esse processo, as matrizes são colocadas em um tanque que simula a correnteza dos rios, onde acontece a fecundação.
As larvas fecundadas ficam um tanque pequeno até se tornarem peixes. Só então os exemplares são levados a tanques maiores para a fase de crescimento e desenvolvimento. Os alevinos são soltos nos rios quando atingem entre 12 e 15 cm de comprimento. “Nessa fase, os cardumes já têm condições de fugir de predadores e localizar abrigos”, explica Santos. A equipe de Meio Ambiente da AES Tietê realiza diversos estudos para a escolha dos locais de soltura a fim de garantir uma alta taxa de sobrevivência.
O processo de reprodução da piracanjuba faz parte do Programa de Manejo Pesqueiro da AES Tietê, que produz 2,5 milhões de alevinos para o repovoamento dos rios Tietê, Grande, Pardo e também seus afluentes. A empresa cultiva seis espécies nativas (curimbatá, dourado, pacu-guaçu, piapara, piracanjuba e tabarana) nas Estações de Hidrobiologia e Aquicultura, das usinas Barra Bonita e Promissão.
A iniciativa integra o tema Eficiência no Uso dos Recursos Naturais, definido pela Plataforma de Sustentabilidade da AES Brasil, que reúne um conjunto de diretrizes e metas, alinhadas ao Planejamento Estratégico do Grupohttp://www.aesbrasilsustentabilidade.com.br/index.php.
Peculiaridades da piracanjuba
A piracanjuba possui algumas características que tornam o processo de reprodução em cativeiro peculiar. A espécie descama e se estressa com facilidade, fatores que dificultam a reprodução. “Na fase larval, o peixe apresentou um comportamento canibal, e para evitar grandes perdas, nós tivemos que introduzir larvas de outras espécies para minimizar esse canibalismo”, comenta Santos.
A piracanjuba é um peixe que vive tanto no canal dos rios quanto próximo às margens e em locais de corredeiras, preferencialmente em áreas de águas claras e limpas. Vive em média de 12 a 15 anos. É um peixe onívoro, alimenta-se tanto de outros peixes como de frutas e plantas aquáticas, apresenta características esportivas e carne rosada de excelente qualidade.
Os principais fatores que causaram a extinção da espécie foram, principalmente, a poluição e a pesca predatória.
Pacu já saiu da lista de extinção
A AES Tietê já obteve sucesso com seu Programa de Manejo Pesqueiro. As solturas de alevinos de pacu (Piaractusmesopotamicus) realizadas em seus reservatórios – foram 16 milhões de alevinos em dez anos – contribuíram para que a espécie saísse da lista de peixes ameaçados de extinção no Estado de São Paulo. A boa notícia foi comunicada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que divulgou, em junho de 2012, nota de agradecimento à AES Tietê pelo trabalho realizado com o peixe.