O aumento de 10 por cento no preço mínimo das bebidas alcoolicas pode levar à queda imediata e significativa no número de mortes relacionadas ao seu consumo e, a longo prazo, pode ter efeitos benéficos para a saúde, de acordo com um estudo divulgado nesta quinta-feira.
Pesquisadores canadenses descobriram que as mortes causadas pelo álcool, entre 2002 e 2009, na província de Colúmbia Britânica, caíram quando o preço mínimo do produto subiu, e que as mortes relacionadas com o álcool aumentaram depois que foram abertas mais lojas de venda da bebida.
Os resultados serão analisados por autoridades encarregadas de formular políticas sobre bebidas alcoolicas, especialmente na Grã-Bretanha, onde o governo planeja introduzir um preço mínimo para o álcool, num esforço para tentar coibir seu consumo excessivo. Os Estados Unidos atualmente não estipulam um preço mínimo para bebidas alcoolicas.
"Este estudo traz mais evidências científicas de que, apesar da opinião popular contrária, até os bebedores mais compulsivos reduzem o seu consumo quando o preço mínimo da bebida aumenta", disse o chefe do estudo, Tim Stockwell, do Centro de Pesquisas sobre Vícios na Colúmbia Britânica, da Universidade de Vitória.
John Holmes, do grupo de pesquisa sobre o álcool na Universidade de Sheffield, na Grã-Bretanha, disse que o estudo de Stockwell é uma contribuição importante para estabelecer evidências sobre os efeitos do preço mínimo do álcool e também um "forte indício de que a política tem reduzido os níveis de consumo daqueles que bebem em níveis perigosos e prejudiciais".
A equipe de Stockwell, cuja pesquisa foi publicada na revista Addiction, examinou três categorias de mortes ligados ao álcool: aguda, crônica e totalmente atribuíveis ao álcool. Eles analisaram as taxas de mortalidade ao longo de um período de tempo, comparando-as com os preços mínimos estabelecidos pelo governo para bebidas alcoólicas.
O estudo se complicou porque na Colúmbia Britânica as vendas de bebidas alcoolicas foram parcialmente privatizadas, depois de terem sido controladas pelo governo, por meio do comércio em lojas estatais. Essa mudança levou a um aumento substancial na oferta de bebida no mercado.
Stockwell disse que a principal descoberta foi que o aumento dos preços mínimos do álcool foi associado com reduções imediatas, substanciais e significativas no número de mortes totalmente atribuíveis à bebida. Com um aumento de 10 por cento no preço houve queda de 32 por cento taxa de mortes.
Quedas significativas no número de mortes crônica ou totalmente associadas às bebidas alcoolicas também foram detectadas entre dois e três anos depois de aumentos de preços mínimos.
Ao mesmo tempo, um aumento de 10 por cento no número de lojas particulares de bebidas foi relacionado ao acréscimo de 2 por cento nas taxas de mortalidade associada total, crônica ou agudamente ao consumo de álcool.
Reuters