Na última terça-feira, 19, o interventor da Santa Casa, o dentista Dr. Edson Fernando Inácio, compareceu a Câmara Municipal para comentar sobre o caso do aparelho de hemodinâmica, que na qual um contrato foi celebrado com um a empresa Angiocat. Edson está à frente a intervenção da Santa Casa desde o fim de 2010.
A solicitação para o interventor esclarecer as dúvidas, foi proposta pelo vereador José Geraldo Fábio (PT). A motivação da solicitação foi a multa rescisória com a empresa no valor de R$ 1 milhão de reais. Segundo Edson, mesmo o valor da multa sendo um valor alto, ainda assim foi melhor romper o contrato com a empresa do que permanecer com a parceria, que de acordo com o interventor, poderia trazer um prejuízo muito maior, de talvez dez vezes mais.
De acordo com Edson Fernando, a administração anterior, teria firmado o acordo com a empresa, e ele teve a incumbência de avaliar o contrato logo quando assumiu a intervenção. Edson ainda relatou que a decisão de romper o contrato não foi só dele, mas também do prefeito Marco Fonseca e de uma comissão de profissionais da Santa Casa. Edson informou aos presentes que não gostou do contrato, pois regia que 80% do lucro da Santa Casa seria para a empresa e apenas 20% para a entidade. Além desta porcentagem, outros custos que poderiam ser produzidos com as atividades da empresa seria por conta da Santa Casa, o que não agradou o interventor. Fora esta conta que não fecha aos olhos do interventor, outra parte da história trouxe questões que influenciaram o rompimento do contrato. Segundo Edson o contrato entre a Santa Casa e a Angiocat foi firmado e assinado no dia 01 de abril de 2010, mas antes disso, no dia 12 de janeiro de 2009 foi reconhecido firma das assinaturas, ou seja, uma irregularidade, pois foi reconhecido firma das assinaturas antes de firmar o contrato. Ainda sobre o contrato, Edson foi questionado pelo vereador Djalma Antônio Sampaio (PSDB).
O contrato firmado para prestação de serviços de hemodinâmica, (serviços relacionados ao coração, como por exemplo, cateterismo e outros) duraria 15 anos, e seria vigente até 2025, e isso também foi outro item, segundo Edson, relevante para o desacordo. Edson ainda informou que o contrato entre a empresa e a Santa Casa não foi registrado em cartório. Outro agravante é a ausência de recursos do SUS (Serviço único de Saúde). Segundo o interventor, para a realização do serviço de hemodinâmica, o SUS comunicou a Santa Casa que não iria intervir com recursos para o serviço, o que tornaria a hemodinâmica, apenas uma prestação de serviço particular, algo contraditório à realidade da população atual, que segundo os vereadores e o interventor, diariamente ibitinguenses viajam para outra cidade a procura destes serviços oferecido pelo SUS.
“Fui questionado quando assumi a intervenção da Santa Casa. Podia assumir um advogado, um administrador, um farmacêutico, eu acho que tem que ter uma coisinhas básicas para estar na frente da Santa Casa. Transparência, honestidade e vontade de trabalhar”, comenta na tribuna da Câmara o interventor. Além de explicar sobre o serviço da hemodinâmica, que foi iniciado a ser implantado em Ibitinga mas adiado, Edson afirmou que possíveis penalidades judiciais aos responsáveis pela elaboração do acordo poderão ocorrer.
Passado da Santa Casa
Sobre nomes de interventores passados, nada foi declarado, tanto por parte do atual interventor, quando por parte dos vereadores. Questionado se as pessoas que participaram ou que testemunharam sobre a celebração do contrato da prestação de serviços da hemodinâmica, o interventor relatou que estas pessoa não fazem mais parte dos mesmos que apoiaram o rompimento do contrato. O vereador Áureo Rodrigues de Souza, ainda tentou ir além sobre este detalhe. Áureo questionou quem firmou o contrato, e ouviu como resposta que isso foi a “gestão passada” da intervenção.
Segundo Edson Inácio, a Santa Casa tem problemas financeiros que vem de longa data. Questionado qual seria a situação financeira da entidade, Edson informou que não está bem, porém em diversos aspectos e por muito tempo, outras administrações deixaram a imagem da entidade ser arranhada, o que, segundo ele, construiu esta imagem negativa. Sobre isso, Edson chegou a mencionar dívidas no comércio local de valores irrisórios, comparados ao déficit financeiro, e que administradores passados tinham como praxe acumular dívidas em diversos tipos de comércio, como papelaria e distribuidoras de gás, como citado pelo interventor. “Será que foi um dos motivos para trocar a intervenção da Santa Casa? Quando fui procurado pelo prefeito fui informado que a santa casa precisava ser moralizada”, comenta Edson para os vereadores.