Ibitinga, Domingo, 24 de Novembro de 2024
Sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta é alternativa para pecuaristas
Integração de atividades está prevista no Novo Código Florestal, recebe apoio do governo e pode beneficiar produtores e o Meio Ambiente

O Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) está conquistando adeptos no Estado, em sua maioria pecuaristas em busca de diversificação da fonte de renda. Entre as principais vantagens, permite a recuperação das pastagens degradadas e oferece sombra para os animais, agregando, na mesma propriedade, diferentes sistemas produtivos, como os de grãos, fibras, carne, leite e agroenergia.

   O sistema foi desenvolvido buscando melhorar a fertilidade do solo com a aplicação de técnicas e sistemas de plantio adequados para a otimização e a intensificação de seu uso. A integração também reduz o uso de agroquímicos, a abertura de novas áreas para fins agropecuários e o passivo ambiental. Possibilita, ao mesmo tempo, o aumento da biodiversidade e do controle dos processos erosivos com a manutenção da cobertura do solo.  Aliada à práticas conservacionistas, como o plantio direto, se constitui em uma alternativa econômica e sustentável para elevar a produtividade de áreas degradadas.

   “O Sistema Barreirão foi muito utilizado na década de 1980, na abertura do cerrado brasileiro, consistindo na recuperação de pastagens degradadas pelo consórcio entre arroz e gramíneas forrageiras. Entre 1990 e 2000 foi amplamente difundido o Sistema Santa-Fé, baseado no consórcio entre espécies graníferas (milho, sorgo, arroz de terras altas e soja) e forrageiras, especialmente as braquiárias, em solos parcialmente corrigidos. Com o decorrer dos anos, o conceito de rotação e sucessão de culturas passou a ser encarado como essencial à sustentabilidade dos agroecossistemas. Por volta de 2010, passou-se a inserir leguminosas em consórcio com o milho, conhecido como Sistema Santa Brígida, visando melhorar a qualidade nutricional das pastagens e, ao mes-mo tempo reduzir a necessidade de fertilizantes nitrogenados no sistema de produção devido ao favorecimento do processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN). Recentemente, para garantir a sustentabilidade dos sistemas de produção em solos arenosos, a iLP e a iLPF tem sido usada por meio da implantação de pastagens de braquiária no período de outono-inverno, conhecida como sistema São Mateus”, explica o engenheiro agrônomo, Doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela UNESP/Jaboticabal-SP, Prof. Dr. Fábio Luiz Checchio Mingotte.

 

Como funciona

 

  Sistemas iLPF têm ganhado importância dentro da propriedade agrícola, pois permitem a continuidade na produção de grãos, o uso de pastagens num patamar maior de produtividade e o segmento florestal representa uma poupança para o agropecuarista, pois seus custos são menores em razão das outras atividades associadas, sejam lavouras ou pastagens.

   A sinergia entre lavouras e forrageiras (capins para pasto) modifica o ambiente físico, químico e biológico do solo com benefícios para ambas.  Na sucessão à lavoura, o período de pousio dá lugar à pastagem, que permanece na gleba de terra até uma próxima safra de grãos, forragem (silagem, feno) ou fibras, o que pode demorar um, dois, três ou mais anos, conforme o planejamento da propriedade rural.

  Para Mingotte, a principal dificuldade em iLPF refere-se, justamente, à complexidade do sistema, que exige maior planejamento e melhor gestão da propriedade rural para uma perfeita sincronização da produção e que minimize riscos.

  Ayla Ottaviano, aluna do segundo ano de agronegócio de Taquaritinga explica as vantagens do sistema. “Em períodos de seca, ou de qualquer clima que interfira na renda, o sistema proporciona que o agricultor não passe por dificuldades. Além disso, favorece o gado, dando alimento e fornecendo sombra”, argumenta.

  Outra estudante, Viviane Ribeiro, afirma que antes de conhecer o sistema, não imaginava algo que trouxesse tantos benefícios ao mesmo tempo. “Além de recuperar pastagens degradadas, aumentar a qualidade e fertilidade do solo e promover melhorias ao gado, é uma maneira de preservar a natureza”, pontua.

  Valdecir Vasconcelos, técnico agrícola do Sindicato Rural, acredita que a prática interessante. “As culturas mais utilizadas no consórcio são o eucalipto e o pinus, a diferença no Sistema Agroflorestal está no fato de poder ser implantado na recomposição de Reserva Legal nas propriedades rurais, opção regulamentada pelo novo Código Florestal. No SAF é utilizado o consórcio de árvores nativas com árvores exóticas, porém, a pecuária não pode ser utilizada na implantação do consórcio, apenas na integração lavoura, pecuária, floresta, que oferece maior benefício para o gado e para o solo”, enfatiza.

  O Ministério da Agricultura firma convênios e acordos de cooperação técnica com órgãos, entidades e instituições públicas e privadas como estratégia para a capacitação de pessoal e como forma de incentivar a prática da iLPF entre os produtores rurais. O programa é desenvolvido pela Coordenação de Manejo Sustentável dos Sis-temas Produtivos (CMSP), subordinada ao Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade (Depros), da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC).

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