Ibitinga, Domingo, 24 de Novembro de 2024
Vespinha vira arma para salvar a laranja do 'pesadelo' do greening
Fundecitrus inaugura laboratório onde 'produz' minúscula vespa que será solta em pomares do Estado para combater a doença

Uma pequena vespa é a nova arma contra o greening, pior doença que atinge a citricultura. Há cinco anos, a Tamarixina radiata vem sendo estudada e, agora, deve ser solta em pomares abandonados de todo o Estado, com o objetivo de eliminar o psilídeo Diaphorina citri, transmissor da bactéria causadora do greening.

“A Tamarixina chega como uma arma para o combate ao greening. A intenção é aliar a vespa com as outras técnicas de manejo já existentes, como eliminação das plantas doentes e controle químico”, diz Antônio Juliano Ayres, gerente do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) de Araraquara.

A vespa também é uma maneira de combate sustentável, já que, quando solta nos pomares, não deve ser utilizado o controle com inseticidas por um período determinado. “As vespas não resistem em áreas borrifadas”, explica Ayres.

A princípio, os insetos serão soltos em pomares abandonados. “A ideia é controlar a proliferação do psilídeo em áreas onde não há nenhum tipo de cuidado e, justamente por isso, está prejudicando toda a cadeia”.

Dos cerca de 450 mil hectares do parque citrícola, que engloba o Estado de São Paulo e o Triângulo Mineiro, cerca de 15 mil estão à mercê do tempo. “Parece pouco, mas cada árvore é capaz de hospedar milhares de insetos transmissores do greening”, acrescenta Ayres.

COMO FUNCIONA
A vespa é solta nos laranjais e chega ao inseto transmissor pelo cheiro. Quando encontra o inseto em estágio de ninfa, a Tamarixina deposita-lhe um ovo. Ao nascer, a larva da vespa se alimenta do inseto e o mata, impedindo sua proliferação. “Deste modo, inicia-se o processo independentemente da nossa atuação”, diz o pesquisador Marcelo Miranda.

O greening é uma doença de difícil controle, que hoje atinge 15% do setor. Ela limita, danifica os frutos, reduz a produção e causa prejuízos. “Ter um inimigo natural é um avanço para o combate do problema”, finaliza Ayres

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