"Com R$ 0,80, você não compra uma paçoca." Este é o desabafo do produtor rural de Arealva, Danilo Aquino Ferreira que, nos últimos 15 dias, foi obrigado a descartar cerca de 3 mil quilos de pimentão amarelo em razão do baixo preço pago pela caixa do produto em uma central de abastecimento na Capital. Nesta quinta-feira (5), ele prevê que irá jogar no lixo pelo menos mais 700 quilos de pimentão.
Desde o início do ano, a caixa com 12 quilos de pimentão estava sendo negociada entre R$ 3,00 e 5,00, valor já considerado baixo pelos produtores. Porém, na semana passada, Ferreira revela que o valor da caixa chegou a R$ 0,80, menos de R$ 0,07 o quilo. "A gente planta e não está tendo preço para a gente", reclama. "E a realidade no mercado é totalmente diferente. O pimentão é comercializado a R$ 5,00, R$ 6,00 o quilo".
Ele conta que não sabe se irá conseguir pagar a parcela do financiamento feito para custeio da produção. Somente a caixa de papelão usada para armazenar os pimentões, segundo o produtor, custa R$ 3,50 cada. "O pimentão meu chega em São Paulo com custo de R$ 9,00, incluindo a caixa e o frete cobrado do produtor, fora os 30% do box que vai vender", afirma. "Para não estragar, a central está vendendo por R$ 5,00 a caixa".
Para evitar mais prejuízos, Ferreira optou por não enviar mais os pimentões para a Capital. Com as três estufas lotadas, a solução imediata encontrada foi descartá-los. Nas últimas duas semanas, ele estima que já jogou fora uma média de 300 caixas de 10 quilos do produto, prejuízo calculado em aproximadamente R$ 500,00. "Se eu for distribuir por aí, vai ficar mais caro porque quanto eu vou gastar de combustível?", questiona.
FUTURO
O produtor ainda está avaliando se vale a pena continuar investindo no cultivo de pimentões. "Teve todo um custo, um investimento, que não teve retorno", lamenta. "Se formos tirar o que já está plantado para plantar um outro cultivo, vamos ter que esperar o ciclo de produção. No caso do tomate, por exemplo, é de três meses. Vamos ficar três meses de novo parados, sem ganhar nada?".
De acordo com ele, Arealva possui cerca de 1.600 estufas e a grande maioria dos produtores rurais está enfrentando a mesma situação. "A gente está torcendo para o frio chegar para diminuir a quantidade da produção e aumentar o preço de venda ou para melhorar a economia do País para o pessoal melhorar o consumo. Na verdade, a gente não sabe o que esperar", declara.
JcNet