Dezenove famílias de vítimas do acidente com o voo 447 da Air France, ocorrido em maio de 2009, aceitaram propostas de indenização negociadas com a companhia aérea. Os acordos foram construídos dentro de um grupo composto com a participação do Ministério Público do Rio e Ministério da Justiça, os trabalhos foram encerrados na tarde desta quinta-feira (6) com assinatura de termos no MP. Os valores não foram revelados.
A procuradora de justiça do Rio, Nádia de Araújo, uma das coordenadoras que participaram das negociações, informou que os valores das indenizações não seriam informados por se tratarem de acordos sigilosos. Segundo Nádia, porém, os valores tiveram como parâmetro as maiores indenizações já pagas em casos de acidentes semelhantes julgados pelo Superior Tribunal de Justiça.
“As pessoas acham que podem ganhar mais na Justiça do que se aderirem a um acordo como esse, mas acordos extra-judiciais podem ser mais vantajosos”, afirmou Nádia. “A Justiça tem um processo mais lento com seu sistema de recursos. Até aqui, por exemplo, apenas uma ação judicial foi julgada em segunda instância” disse.
Foram 76 pessoas beneficiadas que já receberam as indenizações, o que não as impedem de acionar a Justiça. Mas para o procurador geral do MP, Cláudio Lopes, a aceitação do acordo torna mais difícil este caminho.
Das 228 vítimas do voo 447, havia 58 que tinham parentes brasileiros, dessas 19 resolveram aderir ao grupo formado para negociar o acordo. Os valores foram negociados caso a caso levando em conta situações distintas de entendimentos por danos morais e materiais. Houve também a participação de intermediadores como representantes da Ordem dos Advogados do Brasil e Procon.
Familiares
Os parentes das vítimas que aderiram ao acordo não estavam presentes no encerramento do grupo, mas Nelson Faria Marinho, presidente da associação das vítimas do voo, esteve presente na reunião. Ele não aderiu ao acordo, mas aproveitou a ocasião para fazer uma apelo ao procurador geral do MP que intervenha para ser recebido pelo procurador geral de Justiça.
Ele disse esperar que a Justiça brasileira passe a avaliar um documento do sindicato dos pilotos franceses que traz considerações críticas sobre os sistemas operacionais do Airbus A330, modelo da aeronave do voo 447.
Fonte:Uol