Ibitinga, Sexta, 19 de Abril de 2024
VIVER É MELHOR QUE SONHAR

Não assisto novelas, especialmente da GLOBO. Também não assisto esse BBB. Respeito, muito, opiniões em contrário, evidentemente. Tem coisas que sequer devemos discutir: futebol e política, por exemplo, tem suas paixões. 

   Mas gosto muito de narrativas biográficas. A TV GLOBO exibiu na semana passada duas minisséries. Uma sobre Elis Regina – Viver é melhor que sonhar” e, outra – “10 Segundos Para Vencer”, sobre Eder Jofre. Assisti ambas.

   Dizer se gostei ou não, já vai cair naquele subjetivismo que devemos respeitar. Mas o que interessa é que hoje, 19 de janeiro de 2019, faz exatamente 37 anos da morte de Elis Regina, essa gaúcha, natural de Porto Alegre, que foi tida como uma das melhores cantoras do Brasil. A “Pimentinha”. Ganhou destaque vencendo o 1º Festival de Música Popular Brasileira (1965), na extinta TV Excelsior, com a música “Arrrastão”, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes. Na ocasião também foi premiada com o troféu “Berimbau de Ouro”, de melhor interprete. Nesta época, compõe sua primeira e única música - "Triste Amor Que Vai Morrer"- em parceria com o jornalista e radialista Walter Silva e que seria gravada, de forma instrumental, apenas por Toquinho, em 1966.

  Elis viveu intensamente sua vida musical, amorosa, política. 

   Na outra minissérie sobre a vida de Eder Jofre – “10 Segundos para vencer”, faz alusão a contagem para que não ocorra o nocaute. Faz um relato breve do nosso campeão e boxeador, sua relação com o pai, a paixão pela luta, um legado familiar, ao mesmo tempo, que deixa claro o nosso esquecimento pelos nossos ídolos, seja na música, no esporte, numa carreira profissional bem-sucedida, na ciência. Acho que não esquecemos do nosso primeiro professor, uma carreira brilhante e desvalorizada, num Brasil que carece de educação e de educadores. Tive bons.

    Eder Jofre, com todas as pancadas que tomou, em 81 lutas, das quais obteve 75 vitórias. Mandou 50 nocautes. Obteve 4 empates e obteve duas derrotas – sempre contestadas – para o japonês Harada. Está vivo, com seus 82 anos de idade. Foi vereador constituinte (signatário da Lei Orgânica) por São Paulo. Nunca foi nocauteado e, daí o título.

   Bem a morte de Elis, muita prematura e a vida longeva de Eder Jofre, parece-me que o esportista, com um regramento de treinos e hábitos mais saudáveis, pode levá-los a essa longevidade, apesar das fortes pancadas. Mas, os artistas e outros ídolos sofrem outros tipos de pancadas. A fama, que é inebriante, leva à uma grande popularidade e, não raro, para muitos, isso é efêmero. Poucos se sustentam por muitos anos no meio artístico. Ou são esquecidos, deixam os sucessos ou, acabam, como todos os mortais, partindo dessa para outra, de morte natural ou acidental.

   Estava correndo os olhos numa lista e a morte, antes dos 50 anos de idade, para inúmeras personalidades, com destaque para música. A própria Elis, aos 36 anos. Gonzaguinha – 45 anos. Raul Seixas – 44 anos. Cazuza – 32 anos. John Lennon – 40 anos (assassinado). Elvis (que ainda não morreu) – 42 anos. Quanto perdemos desses grandes talentos musicais. Quanto poderiam produzir e lutar por causas nobres, diante do prestígio que tinham...

   Mas a realeza também perdeu cedo, alguns de seus importantes protagonistas. Um exemplo foi D. Pedro I, nosso primeiro Imperador, embora português, nascido e morto em Queluz, em Portugal. Morreu aos 35 anos de idade.

   Pedro sempre gozou de saúde forte durante toda sua vida, exceto por surtos de epilepsia a cada alguns anos. Porém a guerra (para reaver o Trono de Portugal) minou sua constituição e por volta de 1834 ele estava sofrendo de tuberculose. Em 10 de setembro Pedro ficou de cama no Palácio Real de Queluz e ditou uma carta aberta aos brasileiros em que implorava a adoção da gradual abolição da escravidão: "Escravidão é um mal, e um ataque contra os direitos e dignidade da espécie humana, porém suas consequências são menos prejudiciais para aqueles que sofrem no cativeiro do que para a Nação cujas leis permitem a escravidão. Ela é um câncer que devora a moralidade". Pedro morreu às 14h30min do dia 24 de setembro de 1834 após uma longa e dolorosa doença. Conforme seu pedido, seu coração foi colocado na Igreja da Lapa no Porto, enquanto seu corpo foi inicialmente enterrado no Panteão da Dinastia de Bragança na Igreja de São Vicente de Fora, Lisboa. As notícias de sua morte chegaram no Rio de Janeiro em 20 de novembro, porém seus filhos foram informados apenas em 2 de dezembro. José Bonifácio, que havia sido removido de sua posição de guardião, escreveu a Pedro II e suas irmãs: "Dom Pedro não morreu. Apenas homens ordinários morrem, heróis não”.

   E no dia 09 de janeiro de 1822, D. Pedro I, após exigência das Cortes portuguesas, negou-se a retornar a Portugal e celebrizou: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico”.

Viver é melhor que sonhar. Bastam 10 segundos (ou menos) para sua vida mudar. Heróis não morrem. São esquecidos.

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