Ibitinga, Sexta, 19 de Abril de 2024
PIMENTA EM OLHO ALHEIO É REFRESCO

   Alguns dizem a frase do título, de outra forma. Mas no semanário fica mais elegante como posta. É ditado antigo e verdadeiro, como tantos outros que conhecemos: “Quem não te conhece, que te compra”, “Foi mal curado do umbigo”, “Há males que vem para o bem”, “A pressa é a inimiga da perfeição”, “A corda sempre arrebenta do lado mais fraco”, “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, “Amigos, amigos, negócios à parte”, “Cada macaco no seu galho”, “Casa da mãe Joana”  (Ah! Para esse ditado meu estimado amigo, Comendador e Desembargador Camargo Sampaio, no seu livro “De Fio a Pavio – Ditos e Ditados” – 2008, tem uma explicação que peço licença para transcrever, fora dos parênteses): “Mas, voltando à Mãe Joana, sua origem está ligada à rainha de Nápoles. Teve uma vida turbulenta. Regulamentou os lupanares de Avignon e, em um dos artigos, dispunha “tenha uma porta por onde todos entrarão...” Daí também se dizer “mulher de porta aberta” ou “casa de porta aberta”, como sinônimo de bordel. O prostíbulo ficou sendo o Paço da Mãe Joana e o nome se divulgou rapidamente em Portugal. Luís da Câmara Cascudo observa: “Tornou-se Casa e, às vezes, com nome mais repugnante e feio”. Quis, por certo, referir-se ao “C. da Mãe Joana”, expressão muito usada, pese embora o calão baixo da expressão”.

   Lupanares, citado acima, no popular – por minha conta – que não está na obra: o mesmo que  alcouces, bordéis, prostíbulos, casa de prostituição, zona, casa da luz vermelha, casa de alterne, casa das primas, casa de facilidades ou, popularmente, cabaré ou puteiro, é um estabelecimento destinado à prostituição.

   Na página 2, deste Semanário, tem uma Coluna “APIMENTADO”. Fosse matéria do Executivo (do Judiciário?) seria: “NO OLHO”. Fossem os juros bancários do cheque especial, na casa dos 310,59% ao ano, seria NO OLHO (de quem está com o cheque estourado) e PIMENTA para a instituição financeira.

  Sempre tem o lado bom do ditado. Você pode usá-lo para você ou para seu oponente ou guardá-lo para o futuro. Ele vai servir e, por isso, cuidado com quem usa o ditado. Ele será usado contra você.

  Mas, falando sério, tem ditado mais gostoso de falar do que “Isso está parecendo a C. da Mãe Joana”. Você pode usar para o que você quiser. Serve. Foi talhado para servir em qualquer lugar e em qualquer ocasião, boa ou ruim.

  Caso esteja num velório, o defunto, olhando de dentro de seu ataúde, vai ver neguinho dizendo “êita cara bom, igual a esse não nasce outro” e o morto diria: “só se for da C. da Mãe Joana”. Percebeu que todos que morrem, são excelentes pessoas. Falar de velório tenho uma dívida de gratidão com o Dito Ferrari. Foi no meu velório. Não que estou psicografando. Foi enganado. Mas, deixou uma pescaria, coitado. Não sei de parto dessa antes do Dito, mas, se for depois, tenho que ir ao velório do Dito, único compromisso dessa natureza assumido. 

  Você vai ao banco e o gerente oferece empréstimo (é estão oferecendo, porque com esse juro, juro que não dá) e enrola aqui, vira ali, diz que é a melhor juro do mercado, o IOF não tem jeito, a taxa disso é boa, e quando vê o tanto que vai ficar devendo, serve o ditado: “Parece a C. da Mãe Joana”. Quer dizer, estão querendo te ferrar e dessa dívida, você não vai sair fácil. Já leu os “Contratos” bancários que assina ou qualquer outro documento? Claro que não. Da Vivo, da Tim, da Claro. 

  Sempre dizemos que os Registros Públicos e, aqui mais exatamente, nos Tabelionatos de Notas, você tem a Segurança Jurídica para a realização do documento público que está sendo lavrado. Além de ser lido para você, em voz alta, você pode ler. Terá cópia (traslado). Pode pedir uma certidão. Tem gente que volta e diz que “não se lembra de ter assinado”. No Serviço de Protesto, raramente alguém lembra do cheque, nota promissória ou da dívida assumida. Mesmo as contas da CPFL ou dos tributos do IPTU, IPVA, ICMS, dentre outros. Sempre há surpresa e aí vem: “Esse cartório está parecendo a Casa da Mãe Joana”. Coitado do Diego, que trabalha no protesto. A mãe, chama-se Joana e é muita querida por todos nós e, não merece. Você é que tem que cuidar da conta, nesses tempos em que nos resta dizer: “Tudo passa”.  

  Aqui entre nós e que ninguém nos ouça: Tem mais lugar – atualmente – para ser chamado de “C. da Mãe Joana” do que as duas Casas Congressuais? Fala sério!! Não, me desculpem... Pensando bem, tem... 

   Um dia você é pedra. Outro pode ser vidraça e, assim, vamos caminhando com os ditados populares. Cuidado com pimenta nos olhos dos outros. Um dia você poderá recebê-las. Não é refresco.

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