Dois anos de pesquisas realizadas pelo químico e pesquisador Marcelo Santos resultaram em um processo que transforma lixo orgânico em um composto que pode ser utilizado na criação de tijolos para a construção civil. Com o apoio do investidor e técnico em metalurgia José Antônio, o pesquisador criou também um maquinário que auxilia na separação do lixo orgânico do lixo reciclável.
Santos explica como se dá todo o processo para que os resíduos orgânicos sejam reaproveitados. "O lixo chega em saquinhos, que são rasgados por funcionários antes de entrar na esteira de separação. Na primeira esteira, os materiais mais grossos, como garrafas PET e caixas de leite, são separados. Ficam os resíduos orgânicos, que vão para um dispositivo no qual recebem um composto químico."
Após essa mistura, os resíduos transformam-se em uma massa uniforme que é processada. Depois de pronta, ela é encaminhada a uma fábrica, onde passa pelo mesmo processo dos tijolos de concreto comum. "É o mesmo processo, só adicionamos o composto transformado do lixo orgânico, que se mostrou muito mais resistente do que os tijolos com o composto comum", conta o pesquisador.
Os empreendedores contam que a massa tratada não é tóxica, não produz chorume (resíduo líquido que se solta do lixo orgânico depois de algum tempo de fermentação), nem é patogênica (ou seja, não contém bactérias, vírus, fungos ou vermes capazes de produzir doenças infecciosas) . Outra vantagem do composto é que ele pode ser usado também para substituir a areia durante a produção de concreto, reboco e argamassa.
O equipamento
Já o protótipo do equipamento que transforma o lixo em tijolo tem capacidade de produzir 32 toneladas de pó ou fabricar 86 mil blocos para construção civil a partir de 200 toneladas de lixo, a um custo 40% menor do que o valor do mercado. "Um bloco de tijolo de concreto custa R$ 1,20. A miniusina consegue vender a unidade por R$ 0,69, ou seja, por quase a metade do preço", diz Marcelo Santos.
No começo, lixo foi retirado das ruas
Sem acesso ao aterro sanitário de Araraquara nem ao lixo que a cidade encaminha todos os dias ao aterro de Guatapará, os pesquisadores tiveram de pegar o lixo deixado nas portas das casas. "Chegamos a sair de madrugada para pegar o lixo para a nossa pesquisa", diz Marcelo Santos.
Os resíduos eram separados e encaminhados para o laboratório do químico. Depois de várias fórmulas testadas, ele chegou àquela que é utilizada hoje no protótipo instalado nos fundos da empresa de seu sócio, apoiador e financiador do projeto, José Antônio.
Tribuna Impressa