Pelo menos cinco cidades da região, incluindo Araraquara, caíram no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. Os índices divulgados neste ano são referentes a 2009 e aferem as condições de vida da população por meio dos índices de emprego, saúdee educação. A pontuação varia de 0 a 1 ponto.
Araraquara, Matão, Boa Esperança do Sul, Rincão e Nova Europa caíram no ranking Firjan, enquanto os municípios de Américo Brasiliense, Motuca, Santa Lúcia e Gavião Peixoto obtiveram um ligeiro aumento em suas classificações.
No geral, os municípios da região tiveram queda no número de emprego e renda, ainda com reflexos da crise de 2008, que deixou o mercado inseguro e derrubou as vendas em cidades como Matão. A crise afetou principalmente a exportação, fazendo com que os produtos da agroindústria, como a cana-de-açúcar e a laranja, perdessem mercado externo e o setor dispensasse trabalhadores.
Araraquara é um caso à parte — mesmo tendo registrado aumento em seus índices, caiu no ranking de primeiro para terceiro.
De acordo com o economista Valdemir Pires, a queda no ranking não significa que a cidade piorou, já que o emprego em Araraquara e região é sazonal e por isso é normal que haja oscilação. "A economia da nossa região é sazonal, então é normal haver oscilação. No caso de Araraquara, a queda do ranking não significa que a qualidade de vida na cidade piorou, mas que evolui menos que os outros dois municípios (Paulínia e Barueri). Mesmo assim, estar entre as cinco primeiras da lista significa que a cidade é uma das ‘top’ do País."
Para Pires, o desenvolvimento das cidades menores é gradativo, pois elas começaram essencialmente rurais, com o tempo começaram a desenvolver-se e a atrair indústrias e serviços. "O processo é demorado, mas todo esse desenvolvimento, esse crescimento das cidades e melhoras nos setores da saúde e educação, dependem muito das políticas públicas e sociais desenvolvidas em cada cidade."
As pesquisas e suas controvérsias
Para o economista Valdemir Pires, as pesquisas são importantes, mas podem trazer uma falsa impressão de desenvolvimento.
"Estar em terceiro no ranking é bom, porém, não podemos nos iludir com pesquisas. Afinal, Araraquara ainda precisa melhorar muito, atraindo mais empregos, melhorando nossa saúde e educação. Quem está aqui sabe que há problemas, principalmente na saúde."
Segundo Pires, o País como um todo tem muitos desafios, especialmente no setor econômico, na distribuição de renda e nas políticas públicas.
164 posições Matão caiu no Índice Firjan. A cidade caiu do 12° lugar para 176° devido ao desemprego
Análise
Cidades têm de buscar potencial
"Para Araraquara continuar desenvolvendo-se é necessário invistir em políticas públicas, incentivar empresas a instalar-se na cidade e criar cursos de capacitação. O grau de estudo da população aumenta e eleva o número de emprego e renda, fechando um ciclo. As cidades menores têm mais dificuldade para desenvolver-se quando competem com cidades maiores. Se elas descobrem seu potencial, se desenvolvem. Brotas descobriu no turismo seu trunfo. São Carlos é a capital da tecnologia, Ibitinga do bordado. E quem é Araraquara? Qual a identidade dela? Para mim, poderia transformar-se em um polo atrativo e cultural. Além disso, temos motivos para ter aeroporto de carga: estarmos no Centro do Estado e cercados por duas importantes rodovias."
Edmundo Alves de Oliveira
Sociólogo
Fonte: Araraquara.com