A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) fez um balanço no início de dezembro das atividades produtivas de 2011 e das perspectivas para 2012. Até outubro, a quantidade de cana-de-açúcar moída pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil, somou 459,56 milhões de toneladas, contra 501,23 milhões no mesmo período da safra anterior. No acumulado mensal, o recuo foi de 17,6%, com moagem de 46,43 milhões de toneladas em outubro, contra 56,35 milhões no mesmo mês de 2010.
Os canaviais envelhecidos e o clima árido, segundo representantes do setor, foram as principais causas da queda na produtividade. Um canavial produz, em média, 110 toneladas de cana por hectare até o quinto corte. Depois disso, a produtividade cai para algo em torno de 70 a 80 toneladas. Sem chuvas nos períodos de amadurecimento da planta, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de matéria-prima também ficou abaixo das expectativas.
Outro fator, apontado por produtores, que contribuiu para a quebra na safra foi a colheita mecanizada, que deve ficar entre 10% e 15%. A alegação é de que a falta de cuidados específicos e pressão para o cumprimento de metas, acarreta na danificação das soqueiras pelas colheitadeiras, o que prejudica o desenvolvimento das novas plantas.
Faltam políticas públicas
Especialistas estimam que, até 2020, mais de 80% da frota brasileira seja de automóveis flex, mas segundo o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcos Jank, faltam políticas públicas de suporte ao etanol, que permitam mais competitividade com a gasolina.
Em janeiro de 2002, a participação dos impostos sobre o preço da gasolina na bomba era de 47%, hoje corresponde a 35%. “São Paulo deu o melhor exemplo, ao baixar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços (ICMS) para 12%, enquanto em outros estados as reduções são tímidas”, analisa o presidente da entidade.
Jank defende, ainda, a expansão da bioeletricidade, gerada por meio da queima do bagaço de cana. “Temos nos canaviais o equivalente a três usinas de Belo Monte em energia limpa, o que proporcionaria uma redução de 46 milhões de toneladas de gás carbônico emitidos em um ano”, afirma.