A boa e tradicional receita original do sanduíche Bauru, um dos lanches mais famosos do Brasil que contribuiu para tornar a cidade nacionalmente conhecida, vai ganhar um questionamento em relação à data exata de sua real criação. O livro “Ponto Chic: Um Bar na História de São Paulo”, que será lançado no próximo dia 24 (data em que o bar completa 90 anos), aponta um detalhe até então pouco questionado pelos bauruenses: o mês e o ano corretos do seu surgimento.

 

Do jornalista Angelo Iacocca, a obra conta, através de pesquisa realizada com antigos freqüentadores, garçons e parentes de Casimiro Pinto Neto, o “mentor intelectual” da receita original do sanduíche Bauru, como o pedido do então estudante de Direito Casimiro ao chapeiro do bar no coração da boemia paulistana - com azulejos franceses e balcão de mármore, que logo depois ganharia o nome de Ponto Chic -, originou um dos lanches mais conhecidos do País.

 

A ideia inicial de Casimiro era a de pegar o pão francês sem miolo e incrementá-lo. Para isso, ele acreditava que faltava alguns ingredientes importantes, como a albumina e a proteína, encontrada no rosbife, e vitaminas, e, por isso, pediu o tomate. Somava-se a isso o queijo derretido e pronto. A receita original estava completa com o pão francês sem miolo, que recebia o rosbife, o picles, o tomate e o queijo derretido. E, por fim, o apelido que o jovem Casimiro levava por ser da cidade do interior paulista deu nome ao lanche porque todos pediam igual ao “do Bauru”.

 

 

 

 

Em sua obra, Iacocca aponta como sendo em novembro de 1936 a data exata da criação do lendário sanduíche. Porém, o historiador bauruense Luciano Dias Pires, editor do suplemento Bauru Ilustrado, do JC, discorda da data apresentada pelo autor.

 

Dias Pires não “crava” a data exata da invenção do sanduíche, mas argumenta que ele só pode ter surgido a partir de 1937. Ele justifica sua posição alegando que um livro lido por Casimiro Pinto Neto serve como evidência aproximada da época verdadeira do surgimento do lanche bauru.

 

“Certa vez, descobri em Serra Negra um médico que era amigo do Casimiro. Esse médico escreveu um livro que se chamava o Livro das Mãezinhas, que ensinava as mães a alimentação das crianças desde o dia em que nascessem. O Casimiro ganhou este livro, leu-o bastante, até o dia em que foi ao Ponto Chic. Em certa hora ele pediu ao sanduicheiro para colocar fatias de rosbife, porque tinha lido em um livreto de alimentação para crianças que informava ser a carne rica em dois elementos (albumina e proteína). O livreto que esse cidadão escreveu, que tenho aqui comigo, é a quarta edição. Na segunda página, o livreto informa que a primeira edição foi em 1937, com 13 mil exemplares. Portanto, a primeira edição circulou em 1937 e, assim, o sanduíche só pode ter nascido de 1937 para frente”, explica Dias Pires.

 

 

 

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