No ano passado, quando se apresentou no Theatro Pedro II, Almir Sater tinha acabado de chegar do Pantanal. Lá, enfrentou uma enchente de proporções inimagináveis. Um ano depois, ele retorna a Ribeirão Preto, mas desta vez, são e salvo das intempéries climáticas do Centro-Oeste brasileiro. Ou quase.
"Rapaz, este ano foi uma seca histórica. Eu nunca acertei uma previsão do tempo. No Pantanal não tem meio termo. Você tem que estar preparado pra morrer afogado ou morrer de seca", brinca, em entrevista por telefone de sua casa paulista.
O violeiro divide sua vida entre São Paulo e o interior do Mato Grosso do Sul, onde tem uma fazenda. Costuma passar os meses de dezembro, janeiro e fevereiro em terras pantaneiras e só volta em março para retomar sua agenda de shows em São Paulo.
"Mas desta vez, por causa de alguns problemas, minha temporada no Pantanal foi curta. Tanto que já fiz vários shows este ano", comenta.
É incrível imaginar que um sujeito que ama tanto a natureza viva boa parte do ano na selva de pedra.
"Na verdade, não vivo em São Paulo. Chego aqui pelos fundos. Estou no meio do mato aqui na Serra da Cantareira que é considerada uma das maiores florestas urbanas do mundo e é um lugar excelente", ressalta, referindo-se a área verde que fica entre São Paulo e os municípios de Mairiporã, Caieiras e Guarulhos.
Sucessos
O show desta quinta-feira (22) não é muito diferente da apresentação de 2011. Almir basicamente toca os sucessos de uma carreira de quase quatro décadas. No ano passado, chegava a perguntar ao público do Pedro II o que as pessoas queriam ouvir.
"No repertório, eu faço um meio termo entre o que as pessoas pedem e aquilo que quero tocar", garante.
E dá-lhe "Chalana", "Tocando em Frente", "O Violeiro Toca" e "Comitiva Esperança". O fato é que, apesar de ter um estúdio em casa, o sul-mato-grossense não é de lançar muitos CDs. O mais recente, "Sete Sinais", é de 2006.
"Tenho muitas músicas novas, mas não tenho pressa, não. Tenho que me sentir motivado a fazer isso. Gosto de registrar as minhas coisas numa qualidade impecável, juntar vários músicos no estúdio, mas penso: gravar um disco pra quê?", pergunta.
O artista afirma que a internet facilitou muita coisa para o artista independente mas, ao mesmo tempo, provocou uma crise sem precedentes no mercado fonográfico.
"Antigamente, existiam gravadoras que batalhavam pelo artista. Acredito que era melhor. As gravadoras eram um mal necessário. Ou um bem também, não sei", comenta.
Os filhos de Almir tentam seguir os passos do pai. O mais velho, Gabriel Sater, já tem CD gravado e se apresentou no Sesc Ribeirão no ano passado.
"Não me meto muito na carreira deles. Às vezes [Gabriel] me pede um conselho, mas tudo o que penso, ele pensa justamente o contrário", argumenta.
Serviço
Almir Sater
Quinta-feira, às 21h, no Theatro Pedro II
Rua Álvares Cabral, 377
Ingressos a R$ 120 (plateia, frisas e balcão nobre), R$ 80 (balcão simples), R$ 60 (galerias)
Inf.: (16) 3977-8111
Fonte: A Cidade