Ibitinga, Domingo, 24 de Novembro de 2024
Pesquisa: Bauru tem 2º pior etanol
qualidade do combustível na cidade e no seu entorno só não é pior que o da região de Presidente Prudente, diz ANP
Dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), referentes ao mês de maio, mostram que 6,5% das 77 amostras de etanol vendido nos municípios de Bauru, Garça e Pirajuí apresentaram alterações, ou seja, não atendiam aos parâmetros determinados pelo órgão regulador. Apesar do número não parecer significativo, ele coloca a região como a segunda pior no Estado de São Paulo no quesito qualidade do produto, atrás apenas de Presidente Prudente (8,3%).
 
Além disso, das 43 regiões de São Paulo onde a pesquisa é feita, 22 não apresentaram qualquer problema com as amostras de etanol, o que reforça a dimensão do problema.
 
Presidente da regional de Bauru do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro), José Antônio Reghine classifica a situação como preocupante e atribui a responsabilidade pelo problema, exclusivamente, aos revendedores, que são os proprietários dos postos de combustíveis. “São eles que devem controlar a qualidade não só do que vendem, mas também do produto que compram”, enfatiza.
 
A fiscalização da qualidade dos combustíveis vendidos em todo o País fica a cargo da ANP. O órgão regulador autua os postos que apresentam inconformidades aos padrões estabelecidos e, de acordo com o tipo de problema, pode, até mesmo, apreender todo o volume do produto.
 
Reghine afirma que a maior incidência de irregularidades no etanol é causada por fraudes, como a adição de água ao combustível. A prática, além de reduzir o número de quilômetros que o veículo consegue rodar por cada litro de etanol, é muito danosa ao motor e às outras peças do automóvel, em razão das corrosões provocadas a longo prazo.
 
Para saber se não está sendo lesado, o consumidor, segundo o presidente do Sincopetro, deve prestar atenção no rendimento do combustível. “No entanto, cada carro tem uma característica própria, em relação ao número de quilômetros rodados por litro”, pondera Reghine. 
 
Ele observa, porém, que o volume excessivo de água eliminado pelo escapamento pode ser indício de adulteração no etanol.
 
Atualmente, o etanol é comercializado, em Bauru, por valores que variam entre R$ 1,64 e R$ 1,89. 
 
 
 
Diesel tem problemas
 
Em relação ao óleo diesel, estiveram fora das especificações técnicas 5,2% das 154 amostras coletadas do combustível na região. Neste caso, Bauru é a sétima pior no ranking da ANP e apenas três das 43 regiões não apresentaram problemas.
 
José Antônio Reghine explica que isso acontece porque o óleo diesel ainda não tem uma composição estável no País e sofre alterações a cada processo de manipulação. “Por conta disso, não é possível responsabilizar exclusivamente os revendedores”, pontua.
 
Por conta dessa característica do combustível, o presidente do Sincopetro diz que os postos não estão sendo multados por problemas no diesel.
 
Já as amostras de gasolina não apresentaram inconformidades em Bauru, onde 154 postos foram testados. A região se junta a 14 outras que obtiveram o mesmo resultado. O caso mais crítico foi detectado na região de Fernandópolis, Jales e Santa Fé do Sul, onde 6,3% das amostras apresentaram alterações.
 
 
 
Gasolina formulada é desconhecida do consumidor
 
Você sabia que, nos postos de gasolina de Bauru e de todo o País, é comercializado um tipo de gasolina que não é produzida a partir do refinamento do petróleo, mas de seu resíduo? E que, desde 2001, a venda desse combustível é autorizada pela Agência do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)? 
 
Você sabia que o consumidor paga pelo produto o mesmo valor que a “gasolina comum”, mas as revendas compram a formulada mais barato que a tradicional nas distribuidoras? A falta de informações acerca deste cenário é justamente o alvo de uma movimentação nacional e a repercussão chegou a Bauru, com a apresentação de um projeto de lei na Câmara Municipal.
 
O vereador Moisés Rossi (PPS) protocolou proposta que quer obrigar os postos de combustíveis que vendem essa gasolina, chamada de formulada, a informar que comercializam este tipo de produto nas próprias bombas de abastecimento. Em outros estados do País, como no Mato Grosso do Sul (MS), o Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor (Procon) já está se mobilizando no mesmo sentido.
 
A proposta do vereador pode até esbarrar na legalidade (a rigor apenas a União pode legislar sobre o tema). Entretanto, a relevância da tese, sobretudo porque o consumidor está sendo “enganado” na hora de consumidor o produto, pode determinar sua difusão.  
 
Consultada pelo JC, a ANP garante que a gasolina formulada é apenas resultante de um método de fabricação diferenciado. No entanto, alega que o produto final apresenta os mesmos resultados, sem prejuízos ao rendimento (quantidade de quilômetros rodados por litro do combustível). “O importante para a ANP é que a gasolina, qualquer que seja o método de produção, esteja de acordo com as especificações. Se estiver, é considerada boa”, disse o órgão regulador em nota.
 
Apesar disso, existem estudos não conclusivos espalhados pela internet que alegam rendimento inferior da gasolina formulada na comparação com a comum. A formulada seria supostamente mais volátil e, por isso, poderia apresentar prejuízos ao motor dos veículos ao longo do tempo. 
 
Esse é um dos receios, inclusive, de Moisés Rossi. “Os motores dos automóveis estão preparados para receber a gasolina derivada do refinamento do petróleo. A gente não sabe o que pode acontecer se for abastecido com combustível de outra natureza. O consumidor tem direito de saber o que está comprando”, pontuou.
 
O vereador soube da comercialização da gasolina formulada quando, ao abastecer, sentiu um cheiro diferente, mais forte. “Questionei o frentista e ele me explicou do que se tratava”, contou Rossi. Apesar da diferença no odor, a gasolina formulada também tem coloração amarelada.
 
De acordo com o projeto de Moisés Rossi, os postos que descumprissem a lei seriam multados em 10 salários mínimos na primeira autuação, 20 na segunda e com a cassação da licença municipal para o funcionamento na terceira ocasião de flagrante no desrespeito à legislação. 
 
O projeto vai ser lido em sessão e tramitará pelas comissões internas da Câmara Municipal, antes de ser votado em plenário.
 
 
 
Postos compram produto mais barato, mas consumidor não recebe ‘desconto’
 
Por conta do processo de produção (veja quadro), o preço pelo qual o litro da gasolina formulada é adquirido por postos revendedores é de R$ 0,12 a R$ 0,18 menor que o da comum.  A informação é do presidente da regional de Bauru do Sindicato do Comércio Varejista dos Derivados de Petróleo (Sincopetro), José Antônio Reghine.
 
No entanto, ele também confirma que essa diferença não chega ao consumidor. Ou seja, mesmo vendendo um produto de origem diferente da gasolina comum e a custo inferior, o cliente paga pelo valor da gasolina tradicional e, ainda, não é informado sobre o produto que lhe é repassado nas bombas. 
 
Na cidade de Bauru, o preço do litro da gasolina varia entre R$ 2,49 e R$ 2,69. Mas Reghine argumenta que essa diferença de R$ 0,20 não tem relação com a comercialização da gasolina comum ou formulada, mas sim, com a realidade de cada um dos postos e seus fornecedores. O presidente do Sincopetro afirma que o órgão não dispõe de dados que mostrem a penetração da gasolina formulada em Bauru, mas admite que o produto está presente em grande escala no varejo. 
 
A maioria dos postos que trabalha com este tipo de combustível é de bandeira branca, ou seja, não está associada a grandes distribuidoras. 
 
 
 
‘Preço poderia baixar’, diz Rossi
 
O autor do projeto que pede a identificação da gasolina formulada nas bombas dos postos que a comercializam acredita que a medida pode ajudar a reduzir o preço do produto para o consumidor. “Atualmente, ninguém sabe o que está comprando. Quando o cidadão souber, ele vai poder escolher”, afirma.
 
Segundo o vereador, esse cenário vai forçar os revendedores a transferirem para as bombas o custo mais baixo desse tipo de combustível já praticado pelos fornecedores. “O consumidor vai reagir. É uma tendência natural”, acredita Moisés Rossi.
 
José Antônio Reghine, presidente do Sincopetro de Bauru, defende o direito do consumidor saber qual o tipo de combustível que está comprando. No entanto, ele entende que a regulamentação nesse sentido deveria partir da própria ANP, pois não confia na funcionalidade de uma lei municipal para essa situação.
 
Quanto à suposta qualidade inferior da gasolina formulada, Reghine alega não ter condições de fazer qualquer tipo de avaliação. “Isso cabe exclusivamente à ANP, que garante a qualidade do combustível. Quem sou eu para questionar?”, respondeu. Em 2010, porém, a Câmara dos Postos de Combustível de Santa Catarina enviou nota de esclarecimento aos consumidores na campanha «Nossa Bandeira é a Qualidade», que tinha como objetivo esclarecer a população acerca da comercialização e diferenças entre a gasolina formulada e a gasolina padrão.
 
Conforme a Câmara, «a gasolina formulada é resultado da sobra do refino fornecido pela própria Petrobras ou, muitas vezes, importada. São adicionados a esta sobra hidrocarbonetos baratos, resultando num produto reconstituído, que é também chamado de gasolina formulada, um produto legal, porém de qualidade inferior, mais volátil e com menor rendimento, custando bem menos no mercado. Trata-se de uma gasolina que custa menos porque é feita com sobras do refino. Mas que também rende até 15% menos em quilometragem rodada e que com o tempo vai causando problemas no funcionamento dos veículos e motores», explicou a campanha publicitária.
 
 
 
Opinião do especialista
 
Colunista do caderno AutoMercado, do JC, o especialista automotivo Marcos Camerini afirma que não há nenhum estudo que comprove os prejuízos da gasolina formulada. Segundo ele, o que atesta a qualidade do combustível são os requisitos ligados à capacidade de explosão do motor, como a octanagem, por exemplo, que mede o poder calorífico da gasolina. “Se o combustível é desenvolvido a partir de critérios científicos, por empresas bem constituídas, não apresenta corrosões ao motor e atende aos critérios da ANP, não há problemas”, exemplifica. Camerini diz que nem sempre o que é sintético tem qualidade inferior e cita o caso dos óleos. “Existem o mineral e o sintético. Em muitos casos, a segunda opção é melhor”, pontua.
 

 

 
Produção da gasolina
 
Formulada: É originária do resíduo obtido do processo de refinamento do petróleo. Esses hidrocarbonetos também podem ser obtidos durante o processamento de nafta pelas petroquímicas ou produzidos artificialmente.
 
Comum: É produzida diretamente do processo de refinamento do petróleo e não de resíduos, como a do tipo formulada.
 
Aditivada: É obtida a partir de substâncias detergentes e dispersantes, que têm a função de ‘limpar’ o sistema de alimentação e funcionamento do motor.
 
Hidrocarbonetos - são compostos químicos constituídos por átomos de carbono e de hidrogênio. 
 
Mistura - A gasolina brasileira recebe adição de 25% de etanol em sua composição.

Fonte: JC

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