A redução de 38,67% na moagem de cana-de-açúcar, como
registrado desde o começo da safra em abril, não deverá prejudicar a produção de
etanol e de açúcar. Apontada em levantamento da União da Indústria da
Cana-de-Açúcar (Unica), a queda reflete o atraso no início da moagem em parte
das usinas.
Segundo o presidente interino da Unica, Antônio de
Padua Rodrigues, a moagem menor até o momento não vai interferir na produção
porque existe ociosidade nas usinas, por conta da menor oferta de cana, e essa
capacidade industrial disponível absorverá a matéria-prima não processada.
As usinas da região Centro-Sul do País estão
capacitadas para moer 590 milhões de toneladas de cana e, a partir da cana
disponível neste ano, dificilmente a oferta vá passar de 500 milhões, o que gera
uma ociosidade de 90 milhões de toneladas.
Rodrigues explica que neste ano o inverno será
chuvoso. "As previsões apontam para chuvas em junho e julho", diz. "O risco é
haver muita chuva no fim do ano".
Caso novembro seja
muito chuvoso, o que impede o trabalho da colheita mecanizada, uma saída,
segundo Sérgio Prado, representante regional da Unica, será estender o fim da
safra para dezembro.
Rodrigues e Prado participaram de evento na
sexta-feira (25), na Usina São Francisco, em Sertãozinho, de homenagem aos 25
anos da bioeletricidade. A São Francisco e a São Martinho são pioneiras na venda
de eletricidade excedente para distribuidoras.
Eletricidade
A eletricidade feita a partir da cana é um filão
extra de negócios para o setor sucroenergético, mas tem pequena participação no
mercado.
Segundo Zilmar de Souza, gerente de
bioeletricidade da Unica, a energia elétrica feita da cana tem condições de
representar 18% do total a ser consumidor pelo País a partir de 2020.
Atualmente, a participação é de apenas 2,5%.
Existe um potencial mercado para essa energia, que é
estratégica porque consegue ser produzida e disponibilizada na rede de energia
em um ano e meio. As hidrelétricas, principais responsáveis pela geração da
energia usada no País, levam até dez anos entre a construção e o início da
produção.
Mas se existe mercado por que os investimentos em
produção de eletricidade da cana não deslancham? Porque os preços pagos não
compensam, explicam executivos de usinas.
Oferta
A venda dessa eletricidade é feita em leilões
promovidos pelo Ministério das Minas e Energia, nos quais as usinas entram com
projetos de oferta de determinados montantes de megawatts.
O próximo leilão, previsto para agosto, deverá ter o
preço inicial de R$ 110 pelo megawatt gerado por hora.
No setor, a informação é de que o valor só passa a
compensar a partir de R$ 140.