Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz desenvolveram a primeira vacina no mundo contra uma doença causada por um parasita. A descoberta protege contra a esquistossomose e o primeiro teste clínico foi feito com sucesso.
Em um pequeno frasco está uma grande conquista da ciência brasileira: uma vacina que protege contra a esquistossomose, também conhecida como barriga d´agua.
“Nós temos agora uma produção 100 % nacional dirigida a uma doença que talvez seja uma das mais importantes sob o ponto de vista mundial, com 200 milhões de pessoas atingidas. No Brasil, nós temos 2,5 milhões de pessoas com esquistossomose”, diz o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.
Na maioria, gente que vive em áreas sem saneamento básico e entra em contato com o verme, o Schistosoma mansoni. Causa fraqueza, diarréia, enjôos, vômitos, anemia.
Em casos mais graves, pode levar à morte.
Os cientistas conseguiram isolar a molécula que é fonte de energia do parasita, a Sm 14. Ao tomar a vacina, o corpo humano produz anticorpos. Quando a pessoa tem contato com o verme, esses anticorpos entram em ação e fazem a molécula parar de funcionar, matando o parasita.
Foram mais de 20 anos de trabalho no laboratório até poder testar a vacina em seres humanos. Ainda faltam novos testes, mas os pesquisadores estão otimistas e acreditam que daqui a três ou quatro anos a vacina já vai estar disponível para a população. Nas áreas de maior incidência da doença, ela poderá fazer parte do calendário de vacinação.
“É uma doença crônica, antiga, que compromete a saúde, a qualidade de vida. A gente trabalhando na fronteira da ciência para uma doença que é nossa”, diz a pesquisadora Miriam Tendler.
G1