Em julho de 1992, um complexo relatório sobre a cidade de Ibitinga foi encaminhado ao governo estadual. No documento continha informações de toda a cidade, bem como suas atividades econômicas, culturais, e outros dados como quantidade de praças, dados geográficos, agropecuários, entre outros.
No dia 24 de dezembro daquele ano, o projeto de lei nº 8199 publicado no Diário Oficial, concedia ao município o título de Estância Turística. De acordo com o então prefeito da época, Dr. Yashieo Sato, o mérito pela conquista foi de todos os que se envolveram na causa. “Não era uma prioridade minha, mas depois que foi apresentado o projeto na Assembléia Legislativa, passou a ser a prioridade da nossa cidade”, comenta o ex-prefeito. O projeto para tornar a cidade em estância, depois de apresentado na Assembleia, pelo então deputado estadual, Jaime Gimenez que depois avisou o preofeito. O projeto foi para a uma comissão, na qual o famoso ex-atleta e deputado João do Pulo era relator e depois de aprovado, foi sancionado. Depois de todo este trabalho veio a parte de apresentar o relatório, na qual era a mais difícil. “Antigamente lá em São Paulo depois que solicitavam o relatório, ninguém explicava muito e a gente tinha que se virar”, explica Sato.
De acordo com o artista plástico Duílio Galli, foi feito dois relatórios idênticos, um foi entregue na Secretaria Estadual de Turismo e Cultura em São Paulo, e outro ele guarda com ele até hoje, na qual o jornal Folha de Ibitinga teve acesso. Duílio Galli trabalhava na pasta de Cultura da administração da época, junto com outra grande colaboradora que teve grande participação na conquista, a senhora Leonilda Marques Costa, que era diretora de Educação e Cultura, Esporte e Turismo.
Antes de enviar o relatório final, várias outros relatórios foram enviados para São Paulo, depois alterados diversas vezes, e todas com a supervisão de um funcionária da secretaria. “Ela nos orientou, informou como deveríamos exploras mais alguns aspectos, mencionar outros, corrigir alguns outros pontos, até que chegou uma hora que ficou bom, e foi aprovado”, lembra Sato.
No relatório de 54 páginas foram descritas diversas potencialidades do município. Da área econômica, foram catalogadas todas as informações sobre a quantidade de hotéis, índices populacionais, quantidade de restaurantes, dados sobre o comércio, dados da CESP, da eclusa, entre outros. Sobre os dados geográficos, foram mencionados a localização, o relevo e a exuberância natural como o Pantaninho, os rios Jacaré Pepira, Jacaré Guaçu e Tietê, além dos complexos náuticos. Nos aspectos religiosos, foram catalogados a Via Sacra, as festas de São Benedito, São Cristóvão, do Bordado, do Padroeiro da cidade (06 de agosto) e da Procissão de Corpus Christi.
A conquista do título de Estância Turística para Ibitinga, segundo Duílio foram duas as principais: a arte cultural e a exuberante natureza presente no Pantaninho. Diferente de que muitos pensam o título de Estância Turística não tem nada a ver com o Bordado. “Três coisas influenciaram e pesaram muito: o Pantaninho, as obras do museu municipal e da igreja matriz, e a estátua do Bom Jesus”, explica Duílio, que acredita que o bordado apenas despertou o interesse para trazer o título para Ibitinga. mas não foi o principal argumento.
O então prefeito Sato, acompanhado por Duílio, foram entregar em São Paulo o documento solicitando o título, na qual na apresentação, deslumbrou em muito todos os responsáveis pela avaliação do mesmo. A secretária da pasta, que orientou como deveria ser o relatório, veio da capital para se certificar e avaliar as potencialidades turísticas da cidade, e foi então que nesta visita, o título de Estância Turística foi conquistado. Duílio que lembra que a admiração pelas potencialidades de Ibitinga deslumbrou a funcionária da Secretaria Estadual de Turismo.
“O prefeito me chamou e me perguntou se eu poderia ajudar no projeto, e eu fiz junto com uma equipe e levou uns três meses, e depois de entregue, pouco tempo depois a secretária de São Paulo veio conferir tudo aqui”, comenta Duílio.
No dia da apresentação, a secretária foi levada para conhecer toda a cidade. Sobrevoou de helicóptero o Pantaninho. Dr. Sato solicitou junto o presidente da CESP, o Dr. Fernando Cunha, o helicóptero da entidade emprestado. “De carro ia levar uns três dias para ela ver tudo que tinha na cidade”, lembra o ex-prefeito. Com um vôo rasante, ela pode conhecer de perto a vegetação. Depois de sobrevoar o aeroporto, a área rural e outros pontos da cidade, o secretário da Cultura foi questionado pela visitante paulista: - “Duílio, e obras de arte você tem?”. Naquele instante ele pensou: “É agora”. Duílio a levou para conhecer a coleção de quadros da Via Sacra, exposto na igreja matriz, onde também se encontra a estátua do Bom Jesus, de tamanho natural, talhada em madeira. Depois seguiram para o Museu Municipal onde a paulistana ficou encantada com as obras importantes como “Bandeirinhas”, do italiano Alfredo Volpi, “O Cangaceiro” de Aldemir Martins, e “Crianças” de Tarsila do Amaral. As obras “Seguindo o Mestre” e “Via Sacra” de Duílio, que também chamaram a atenção da secretaria. “É uma injustiça o que a população faz com os artistas hoje. Na minha opinião, estes artistas ajudaram a trazer o título de Estância para cá, mas pouca gente visita essas obras”, explica Duílio.
Depois que a funcionária do governo estadual foi embora, o relatório final novamente sofreu alterações e foi elaborado seguindo as orientações dela. Após aprovado pela pasta de cultura e turismo, o relatório foi enviado pelo órgão ao Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de Ibitinga do Estado de São Paulo), que iriam vim para outra vistoria, mas não o fizeram e aprovaram. Por fim, da data que o relatório finalmente ficou pronto, em julho, apenas em dezembro se concretizou a conquista do título de estância, quando foi publicado no Diário Oficial no dia 24 de dezembro de 1992.
Museu Municipal.
O Museu Municipal foi inaugurado em Ibitinga no dia 5 de dezembro de 2012, pelo então prefeito Dr. Victor Maida. A ideia de instalar um museu foi do artista plástico Duílio Galli, que em 1970, quando morava em São Paulo, solicitou aos amigos de profissão, algumas obras para a instalação de um museu em Ibitinga. Conseguiu 130 peças. O Museu foi inaugurado no prédio na rua José Custódio, onde antigamente funcionava a loja Bordados Sampaio, da tradicional família precursora da atividade no município. Hoje o prédio abriga a unidade da Receita Federal. Atualmente funciona em um prédio na av. Capitão Felício Racy.
Estátua do Bom Jesus
“Na minha opinião, mais como um palpite do que como opinião, eu presumo que devido a sua aparência, aquela obra foi feita por algum aluno do aleijadinho”, explica Duílio Galli.
De acordo com o historiador marcos Antônio Arruda Lourenço, a estátua chegou em Ibitinga por volta de 1968, quando a Guerra do Paraguai já estava no fim. O fundador da cidade, Miguel Landim, ficou sabendo que no forte de Itapura, tinha uma capelinha em ruínas com uma bela estátua. Landim então enviou Nho João, um negro de sua confiança para buscar a imagem, pois ele estava doente e debilitado. Um mês de viagem depois Nhão João que era um negro da confiança de Miguel trouxe a imagem. O forte de Itapura foi construído a pedido do D. Pedro II para prevenir uma possível invasão do país vizinho, cujo o governante da época, pretendia chegar ao mar.
Na foto DR. YASHIEO SATO com uma cópia do Diário Oficial que decretou Ibitinga como Estância Turística