O Ministério da Cultura informou nesta terça-feira (18) que pretende vistoriar a Igreja Matriz de Batatais (SP), onde está o maior acervo sacro do pintor Cândido Portinari (1903-1962). O governo quer saber por que ainda não teve início o restauro das obras mantidas no local, já que o projeto foi aprovado em abril. A data da vistoria não foi divulgada.
As 23 obras sacras de Portinari – nascido em Brodowski (SP), na mesma região do interior paulista onde está Batatais – estão guardadas na igreja desde que foram pintadas, há quase 60 anos, e nunca passaram por restauração. Por causa de uma infiltração na parede, o quadro “Batismo de Cristo” foi danificado. A obra "A sagrada Família" foi atacada por cupins.
Por ordem da Justiça, a coleção recebeu uma aplicação de veneno no ano passado, mas ainda não se sabe se outras obras também foram danificadas. Em 2009, a Prefeitura apresentou um projeto de restauração das obras, que foi aprovado em abril deste ano pelo Ministério da Cultura, com algumas exigências. Uma delas é a retirada das obras de outros pintores da igreja. O padre Pedro Ricardo Bartolomeu, responsável pela matriz, concordou. “Já fiz um acordo com os artistas, estou preparando o salão nobre da igreja, que se transformará em salão-museu, e as obras irão para lá até janeiro.”
Outra exigência é a instalação de filtros de proteção solar nos vitrais, mas como o prédio é propriedade da igreja, o prefeito José Luís Romagnoli (PTB) afirma que precisa de uma autorização judicial para investir dinheiro público na reforma. “Preciso de um projeto para iniciar. Preciso da autorização legal. Tendo essa autorização, inicio o projeto imediatamente e o restauro.”
Iphan
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão ligado ao Ministério da Cultura, informou que a restauração das obras de Portinari já poderia ter começado, mesmo sem o cumprimento das exigências.
“As condicionantes que nos colocamos realmente podem acontecer em paralelo à obra de restauro”, disse a superintendente do Iphan Anna Beatriz Galvão. “Em função das denúncias que temos recebido mais recentemente, já estamos organizando e agendando uma vistoria no local. A princípio, essas obras de restauro já deveriam ter sido iniciadas.
G1