Um dos principais portos intermodal da Hidrovia Tietê-Paraná, localizado em Pederneiras (SP), está há quatro meses parado. "Está totalmente paralisada não só aqui, mas em outros portos. Nós temos outro porto em Anhembi, temos porto em São Simão, trabalhávamos também em Três Lagoas, mas está tudo 100% paralisado”, esclarece o engenheiro mecânico José Gheller.A hidrovia tem 2.400 km de extensão. É uma importante rota de escoamento da produção de grãos dos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
Só neste ano, seis milhões de toneladas de soja, milho, farelo de soja e celulose deveriam ficar armazenadas antes de serem levadas de trem até o Porto de Santos, mas apenas 20% desse volume foi transportado pela hidrovia.
Cada comboio é formado por quatro embarcações, que têm capacidade de transportar até seis mil toneladas por viagem, o que equivale ao volume transportado por cerca de 200 caminhões.
"Infelizmente, até o momento nós não temos nenhum ponto que demonstre o retorno da navegação. E isso nos deixa frustrado por estar parado. Um terminal que teve grande investimento e que está com 100% do seu ativo parado", lamenta o analista administrativo Jânio Fábio Arruda.
Por causa da estiagem, o Operador Nacional do Sistema decidiu regularizar a capacidade dos reservatórios das usinas hidrelétricas de Ilha Solteira e Três Irmãos para produção de energia e assim evitar qualquer tipo de colapso. O fechamento dos reservatórios faria o nível da água subir, mas segundo a ONS isso só deve acontecer com a chegada da temporada de chuvas em outubro e novembro.
Desemprego
Pelo menos mil funcionários que trabalham no setor já perderam o emprego. O empresário Pedro Pavanello foi obrigado a demitir 80 operários. “A gente trabalhava 24 horas, o ano todo, mas agora, infelizmente, tocamos a demitir todo mundo, foi preciso tomar uma decisão dessas.” Luciano de Paula Franco perdeu o posto de trabalho. “A gente volta à rotina de levantar de manhã, procurar outro serviço cara, bater de porta em porta, digamos assim, é muito triste."
Para o economista Reinaldo Cafeo, o reflexo da interrupção no transporte na hidrovia será sentido nas estradas e no preço do frete. "Todos perdem. Perdem os empresários que apostaram e têm que desfazer seus negócios, amargar prejuízo dispensando gente, e perde uma parte dos consumidores, notadamente porque o transporte alternativo a esse é rodoviário a um custo quatro vezes superior aquele que poderia se obter com a hidrovia.”
A assessoria de comunicação do Operador Nacional do Sistema informou que restrição do uso da água do Rio Tietê é uma medida preventiva para evitar qualquer tipo de colapso. A decisão foi tomada em conjunto com outros ministérios; Ibama, Aneel e Agência Nacional das Águas. A medida deverá permanecer até que chegue a temporada das águas - outubro e novembro. A energia produzida nas usinas da bacia do Tietê representa 1% da produção do sudeste.
G1