O cumprimento da norma que prevê uma série de direitos trabalhistas aos cortadores de cana tem diminuído os afastamentos por problemas de saúde. Por outro lado, o ganho por produção ainda é visto como um fator de risco para eles.
Em Américo Brasiliense (SP), cerca de 200 cortadores fazem diariamente ginástica laboral antes de começar a trabalhar. O objetivo é prevenir doenças como lesão por esforço repetitivo, que atinge com frequência os cortadores de cana. O projeto foi criado depois da norma regulamentadora de 2005 exigir das empresas melhoria nas condições de trabalho e ações de prevenção.
O professor de educação física Ricardo Machado afirma que os exercícios são eficazes para os cortadores. “Diagnosticando quais são os principais músculos trabalhados e principais esforços, a gente trabalha a série voltada para essa musculatura”, explica.
O trabalhador rural Wellington Granja diz que já sente os benefícios das atividades. “A gente já chega estressado para trabalhar, então melhorou muito o desempenho do serviço”, conta.
Médico no campo
O consultório médico nunca esteve tão próximo. Um ônibus improvisado vai ao campo toda semana. Durante a safra, cada trabalhador realiza ao menos 13 exames. A vantagem é que o médico vai até a roça conhecer as condições de trabalho do cortador de cana.
“Tenho todo o acompanhamento de batimento cardíaco, pressão arterial, vou notar se há algum grau de desidratação e desnutrição”, relata o médico João Paulo Trentim.
O professor Francisco Alves, pesquisador de engenharia de produção da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), considera positiva as ações e concorda que houve avanços no campo. Mas ele ainda critica a forma de pagamento por produção.
“Enquanto a gente tiver isso na atividade rural, teremos trabalhadores sendo movidos a ultrapassarem os seus limites físicos metabólicos e , sendo assim, estarão sujeitos a doenças do trabalho e à morte, por excessos”, avalia.
G1