Ibitinga, Segunda, 25 de Novembro de 2024
Cortadores de cana fazem ginástica laboral em Américo Brasiliense
Objetivo é prevenir doenças como lesão por esforço repetitivo. Ação faz parte de norma trabalhista que visa melhoria na qualidade de vida

 O cumprimento da norma que prevê uma série de direitos trabalhistas aos cortadores de cana tem diminuído os afastamentos por problemas de saúde. Por outro lado, o ganho por produção ainda é visto como um fator de risco para eles.

 Em Américo Brasiliense (SP), cerca de 200 cortadores fazem diariamente ginástica laboral antes de começar a trabalhar. O objetivo é prevenir doenças como lesão por esforço repetitivo, que atinge com frequência os cortadores de cana. O projeto foi criado depois da norma regulamentadora de 2005 exigir das empresas melhoria nas condições de trabalho e ações de prevenção.

 O professor de educação física Ricardo Machado afirma que os exercícios são eficazes para os cortadores. “Diagnosticando quais são os principais músculos trabalhados e principais esforços, a gente trabalha a série voltada para essa musculatura”, explica.

 O trabalhador rural Wellington Granja diz que já sente os benefícios das atividades. “A gente já chega estressado para trabalhar, então melhorou muito o desempenho do serviço”, conta.

Médico no campo
 O consultório médico nunca esteve tão próximo. Um ônibus improvisado vai ao campo toda semana. Durante a safra, cada trabalhador realiza ao menos 13 exames. A vantagem é que o médico vai até a roça conhecer as condições de trabalho do cortador de cana.

 “Tenho todo o acompanhamento de batimento cardíaco, pressão arterial, vou notar se há algum grau de desidratação e desnutrição”, relata o médico João Paulo Trentim.

  O professor Francisco Alves, pesquisador de engenharia de produção da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), considera positiva as ações e concorda que houve avanços no campo. Mas ele ainda critica a forma de pagamento por produção.

  “Enquanto a gente tiver isso na atividade rural, teremos trabalhadores sendo movidos a ultrapassarem os seus limites físicos metabólicos e , sendo assim, estarão sujeitos a doenças do trabalho e à morte, por excessos”, avalia.

 

G1

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