Ibitinga, Segunda, 25 de Novembro de 2024
USP de Ribeirão Preto cria remédio para tratamento da hemofilia
Substância extraída de células humanas foi testada com sucesso em ratos. Hemofílicos não têm o 'Fator VIII', que ajuda na coagulação do sangue

Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto (SP) desenvolveram um medicamento inédito no país que pode garantir mais qualidade de vida a pacientes com hemofilia, doença que prejudica a coagulação do sangue e torna qualquer tipo de ferimento um risco de vida. Após uma série de testes bem sucedidos em ratos, o Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da universidade, descobriu um método capaz de produzir em laboratório, e com o uso de células humanas, o “Fator VIII”, substância que controla hemorragias não encontrada nos hemofílicos.

Um componente similar, também criado por engenharia genética, é fabricado apenas na Europa e na América do Norte. A maior parte dos brasileiros depende de remédios importados da França e da Itália ou de um método que extrai a substância do plasma no sangue.

A descoberta da USP pode garantir a autossuficiência do Brasil, que segundo o Ministério da Saúde, gastou R$ 522 milhões nas importações do Fator VIII em 2011, além de diminuir a dependência por doações de sangue para a obtenção de plasma e permitir seu uso de forma preventiva com doses semanais, segundo o professor Dimas Tadeu Covas, coordenador do estudo.

“Isso pode ser feito em uma grande escala para atender as necessidades dos pacientes”, afirmou o pesquisador, após obter resultados positivos com camundongos modificados geneticamente que tinham hemofilia. Depois de os ratos ingerirem o novo Fator VIII, eventuais sangramentos provocados neles foram rapidamente estancados. “O produto que desenvolvemos tem o mesmo desempenho ou até mesmo superior em algumas situações. Então se mostrou efetivo na proteção desses ratinhos”, disse.

O próximo passo antes de tornar o Fator VIII disponível para o tratamento de hemofílicos é testá-lo em humanos e conseguir apoio financeiro para sua produção em ampla escala, de acordo com Covas.

Para suprir a demanda de pacientes no país e exportar o medicamento, a USP estima um investimento inicial de US$ 60 milhões (R$ 121,2 milhões). “O objetivo futuro é ter esse fator em grande quantidade para que esse tratamento seja possível em um custo mais acessível”, afirmou.

O Ministério da Saúde informou que já está discutindo a produção industrial do novo coagulante, mas mantém as negociações em sigilo.

G1

 

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