A Justiça Federal determinou o fim da queima da palha da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, após uma ação do Ministério Público Federal (MPF), que alega que a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) não é o órgão ideal para conceder licença para a queima e sim o Ibama. Associações do setor já prevêem prejuízos para produtores.
O fim de queima estava previsto apenas para 2014, no caso das áreas planas, e 2017, para as áreas não mecanizadas. Com a determinação, as regiões produtoras, como Araraquara (SP), serão afetadas já que para os produtores a medida é inviável para este ano.
A ação vem desde 2008 e até então a queima vinha sendo realizada por meio de liminares. Neste ano, a Justiça negou o recurso.
Além do sol forte, os trabalhadores agora enfrentam um obstáculo. A palha da cana, que antes era queimada, agora precisa ser retirada com o facão. Essa é a rotina em vários canaviais paulistas, depois que a Justiça proibiu a queima.
A decisão atinge cerca de 400 fornecedores de cana na região de Araraquara. Cerca de 30% da produção ainda vem da colheita manual, de acordo com Associação dos Fornecedores de Cana.
“O impacto foi em acréscimo de custo no corte da cana, uma vez que as usinas estão cobrando um adicional de R$ 9 a R$ 10 por tonelada de cana cortada sem queima”, afirmou o presidente da associação, Francisco Malta Cardozo.
Sérgio Prado, que é representante da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única), acredita que muitos produtores terão prejuízos caso a medida não seja revista. “Não é possível nós termos um processo de mecanização de um ano para o outro, porque nós precisamos de prazo econômico para o produtor financiar esse processo, que é muito caro, e do ponto de vista industrial nós não temos condição de produção e fabricação de máquinas em um ano só. Haverá um prejuízo muito sério, principalmente para os pequenos produtores”, disse.
Quem investe na mecanização compra máquinas que podem colher até 500 toneladas de cana por dia. Carlos Saliba, dono de uma revendedora de Araraquara, espera aumento nas vendas.”O acréscimo de vendas em função dessa ocasião vai ser mais ou menos em torno de 10% a 15% na próxima safra”, afirmou.
Para o presidente do Sindicato dos Empregados Rurais, Élio Neves, nos últimos 10 anos, a mecanização crescente vem mudando o cenário do trabalho no campo e só a qualificação pode garantir a permanência no setor. “Que falta ser levado para os trabalhadores é educação. A partir daí cada trabalhador será portador de informação e capacitação suficientes para fazer a sua disputa no mercado livre”, disse.
G1