Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara (SP), montaram um banco de dados com informações sobre compostos químicos extraídos da biodiversidade brasileira. Um deles, que já está patenteado, poderá ser usado no tratamento do mal de Alzheimer.
A descoberta, uma das mais importantes, nasceu da árvore Senna Spectablis, popularmente conhecida como Cássia do Nordeste. Os pesquisadores verificaram que ela tem substâncias que podem ajudar no tratamento da doença de Alzheimer. “Isso porque ela atua no sistema nervoso central e, assim, diminui os sintomas típicos da doença”, destacou a pesquisadora Vanderlan da Silva Bolzani.
O medicamento pode ser uma esperança para tantas famílias como a da aposentada Valderes Pedro Gomido, que descobriu a doença há quatro anos. Desde então, além dos remédios, ela faz atividades em grupo. “A gente vai ao cinema em todo lugar, mas sozinha eu não faço mais”, contou.
São as filhas que se revezam para cuidar da mãe. Elas usam uma lousa para anotar as tarefas e nunca deixam a idosa sozinha. “Agora inverteu um pouco, a gente que tem que ter cuidado com quem ligou, porque que ligou. A gente tem que ver do que ela precisa, ao invés dela cuidar da gente, é a gente que tem que cuidar dela”, disse a terapeuta ocupacional Sylvia Regina Gomide.
Efeitos medicinais
Durante a pesquisa, várias plantas revelaram efeitos medicinais. Uma erva conhecida como guaçatonga, por exemplo, é muito usada pela população para fazer chás para quem tem úlcera de estômago, mas os pesquisadores identificaram substâncias que podem ajudar ainda no desenvolvimento de remédios contra o câncer.
Para chegar até esses novos princípios ativos é preciso colher amostras de uma mesma espécie em épocas e lugares diferentes. “Dependendo das condições do solo e de luz, ela vai produzir essas substâncias de maneira diferente”, explicou o pesquisador da Unesp Ian Castro-Gamboa.
Banco de dados
Durante 15 anos de estudos, os pesquisadores identificaram 640 substâncias de mais de 220 plantas da mata atlântica e do cerrado. Agora, todas essas informações estão disponíveis no site www.nubbe.iq.unesp.br para quem quiser acessar de qualquer lugar do mundo.
No site, é possível estudar as substâncias identificadas pelos pesquisadores, quais aplicações elas podem ter e de que plantas foram extraídas. “Essas informações já estavam disponíveis nas revistas cientificas, mas era muito importante criar um banco de dados para agilizar e facilitar o acesso de outros pesquisadores”, finalizou a pesquisadora Marília Valli.
G1