Cerca de 80 trabalhadores da empresa Sucocítrico Cutrale Ltda., que prestavam serviços atualmente na Fazenda Santo Henrique, em Borebi (45 quilômetros de Bauru), denunciaram ao Ministério Público do Trabalho (MPT) as condições precárias do alojamento em que vivem em Areiópolis (69 quilômetros de Bauru), bem como as más condições de seus equipamentos de trabalho.
A queixa foi acolhida pela Federação dos Empregados Rurais dos Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp) e em seguida protocolada no MPT em Bauru. O diretor da Feraesp, Abel Barreto, explica que esses funcionários vieram da região Nordeste do País para trabalho temporário na colheita da safra de laranja deste ano.
“Eles foram contratados e trabalharam durante cinco meses com más condições de trabalho, equipamentos precários. O alojamento onde moram não tem banheiro para todos os moradores. Muitos sanitários não funcionam, a casa é cheia de infiltrações, rachaduras. As camas estão quebradas e as que têm colchão, este está quase só na espuma”, relatou Barreto, que esteve no local e constatou as irregularidades.
Inicialmente, esses trabalhadores foram contratados para prestar seus serviços em uma fazenda mais próxima. No entanto, quando o trabalho finalizou, eles continuaram saindo de Areiópolis e seguindo para Borebi, diariamente, o que começou a gerar descontentamentos e pequenas paralisações.
“Eles têm que viajar mais de 40 quilômetros, sendo que antes trabalhavam muito mais próximo do alojamento. As condições da moradia são muito ruins: comida e roupas no chão, camas quebradas, varal de roupas dentro dos quartos e até mulher tendo que morar junto com os homens”, acrescentou o diretor da Feraesp. A denúncia foi protocolada na manhã de ontem no MPT e deve ser distribuída hoje.
Regularização
Em meados de outubro deste ano, em decisão proferida nos autos de ação civil pública, a Justiça do Trabalho de Botucatu concedeu liminar que obriga a Cutrale, uma das maiores fabricantes de suco de laranja do mundo, a cumprir normas de medicina e higiene do trabalho e a regularizar os alojamentos de trabalhadores sob a sua responsabilidade, sejam eles próprios ou terceirizados.
Antes da propositura da ação civil pública, a Cutrale já havia sido flagrada pelo MPT, em setembro de 2011, se utilizando de alojamento degradante e em condições subumanas para abrigar colhedores de laranja em Itatinga, região de Botucatu. Na ocasião, o “turmeiro” Eduardo Alves dos Santos, conhecido por ‘gato’, arregimentou os trabalhadores em Estados do Nordeste e lhes prometeu trabalho na Cutrale.
Em resposta aos questionamentos sobre a denúncia protocolada ontem, a empresa informou, através de sua assessoria de imprensa, que “até o momento, a empresa não tem registro de nenhuma ocorrência ou incidente dessa natureza em qualquer uma de suas unidades agrícolas, ficando dessa forma, impossibilitada de prestar algum esclarecimento a respeito”.
Jc Net