Todo pecuarista experiente percebe que quando o animal fica anêmico e apático demais, é sinal de que ele pode sofrer de tristeza parasitária bovina, uma doença provocada por um protozoário (Babesia ssp) e uma bactéria (Rickttsia Anaplasma) e transmitida por carrapatos. Ela causa prejuízos de US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão, por ano, à pecuária nacional e atinge rebanhos de todo o país.
A "tristeza" costuma ser tratada com medicamentos ou prevenida com vacinas. Em situações mais graves, recorre-se à transfusão de sangue nos casos de anemia no rebanho. Porém, o doador, mesmo sem apresentar sintomas, pode ter sido contaminado pelo carrapato. O animal que recebe a doação só terá a enfermidade agravada.
Uma pesquisa da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP), encontrou uma maneira de evitar esse risco. Durante um ano e com um plantel de 200 animais (doentes e sadios), com idades entre 8 e 12 meses, os pesquisadores testaram o tratamento do sangue do doador com vitamina B2 - componente elementar na dieta e de baixa toxicidade - e radiação ultravioleta, para eliminar a ação do parasita que se aloja nas hemácias e causa desequilíbrio do organismo. "O tratamento inativa a ação maléfica permitindo o efeito benéfico da transfusão. Ele evita que o bovino que recebeu o sangue piore e corra o risco de morrer", explica Raimundo Souza Lopes, coordenador do estudo.
Para Lopes, a técnica tem condições de diminuir os danos que a doença causa à pecuária, que não são poucos. Além da mortalidade, ela é responsável por perdas indiretas, como a queda na produção de leite, diminuição do ganho de peso e custos para controlar sua prejudicial ação aos bovinos.
O Rio Grande do Sul é o que mais sofre com a doença. Segundo dados da Universidade Federal de Pelotas (RS), a mortalidade de 4,73% do rebanho do sul do Estado, formado por 2,6 milhões de cabeças, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é provocada pela "tristeza".
Fonte:Valor Econômico