Agricultores do interior de São Paulo que cultivavam laranja estão renovando suas lavouras com outras culturas em reação à crise no setor causada pelas supersafras dos últimos dois anos e pela queda no preço da fruta. Mesmo com uma safra menor prevista para 2013, o que consequentemente traria a necessidade de mais oferta, vários produtores optam pela cana-de-açúcar, por exemplo.
Depois de 40 anos plantando laranja, Gilmar de Azevedo decidiu mudar a paisagem do sítio que tem em Taquaritinga (SP). No lugar dos pomares, agora ele tem 40 hectares de milho. O agricultor lamenta a situação. "Jamais plantarei nenhum pé de laranja nessa região. Não existe uma política agrícola para os produtores. Os preços não cobrem as despesas", reclama.
A safra passada foi recorde, mas o preço da laranja despencou. As indústrias alegaram estoques cheios e demoraram para fechar os contratos de compra. No Estado de São Paulo, 10% da produção ficou no pé. Muitos agricultores não conseguiram negociar a tempo e a fruta apodreceu no campo. Por causa da crise, a área plantada de laranja caiu 6% no Estado.
Segundo o presidente da Câmara Brasileira de Citricultura, Marco Antônio dos Santos, vários fatores mostram que a safra será mais baixa este ano. "Pelas duas safras seguidas grandes, este ano automaticamente teria que ser menor. Pelo primeiro levantamento realizado, estamos sentindo que a quebra é significativa", disse. "Com a remuneração baixa, o produtor não tem estímulo para fazer os tratos necessários. Com a incidência de pragas e doenças, realmente desestabiliza", completou.
Corte de gastos
Diferente de Azevedo, o agricultor Carlos José Gavioli não pensa em erradicar o pomar que mantém há oito anos. Ele manteve as aplicações de inseticida para combater pragas e doenças, mas suspendeu a adubação. "O custo da adubação é alto, em torno de 30% do custo da agricultura. A planta consegue ficar sem o adubo, o que acontece é que no ano que vem não é possível produzir muito", disse.
G1