Ibitinga, Segunda, 25 de Novembro de 2024
Moagem da cana deve começar mais cedo no centro-sul-

As usinas do centro-sul do Brasil devem começar a moagem da cana do ciclo 2013/14 entre 20 e 30 dias mais cedo na temporada, motivadas por um clima benéfico que vem favorecendo o desenvolvimento dos canaviais, disseram especialistas.

A antecipação de safra, que só começa oficialmente em abril no centro-sul, deve permitir uma otimização do uso da capacidade de moagem, além possibilitar a chegada de produtos mais cedo ao mercado. Isso é importante especialmente neste ano em que o governo determinou o aumento da mistura de etanol na gasolina para 25 por cento, a partir de 1o de maio.

"O clima ao longo da safra já nos permite fazer pré-estimativas bem superiores ao da safra anterior... Inclusive já está na agenda de algumas usinas a antecipação de 20 a 30 dias no início de safra em relação ao ano passado", disse o presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Celso Junqueira Franco.

A renovação dos canaviais e o reforço nos tratos culturais também vão colaborar para uma safra bem superior à da temporada anterior, podendo atingir volume recorde, acrescentou Franco.

Estimativas iniciais apontam a moagem recorde na temporada 2013/14, com projeções variando entre 580 milhões e 600 milhões de toneladas.

Segundo ele, algumas associadas pretendem iniciar a safra já no final de março e uma grande maioria na primeira semana de abril.

Trata-se de um movimento contrário ao do ano passado, quando o clima desfavorável, com chuvas atípicas, acabou atrasando a colheita.

A pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Miriam Bacchi também observou movimento semelhante durante os levantamentos realizados pela entidade.

"Já tivemos algumas sinalizações de usinas que pretendem começar a moagem já em março", disse em entrevista à Reuters.

Acompanhamento da equipe do Cepea aponta que algumas usinas planejam iniciar as atividades a partir de meados de março.

Boletim da Somar Meteorologia ressaltou que as condições climáticas típicas de verão, com insolação e pancadas de chuvas, devem prevalecer nos próximos dias.

"As condições climáticas dessas últimas duas semanas foram bastante favoráveis ao desenvolvimento dos canaviais de toda a região centro-sul do Brasil", disse em nota o agrometeorologista da Somar, Marco Antonio dos Santos.

Ele explicou que, mesmo com as pancadas de chuvas do período, os solos ainda apresentam bons níveis de umidade, sendo benéfico ao crescimento e desenvolvimento dos canaviais.

"Para os próximos dias as condições meteorológicas não mudam. Os modelos meteorológicos continuam indicando dias tipicamente de verão: sol, calor e pancadas de chuvas, principalmente à tarde", apontou Santos no boletim.

OTIMISMO

A consultoria Datagro ressaltou o cenário otimista para a safra 2013/14, por conta da ação positiva do clima durante o período de formação dos canaviais, que vem ocorrendo especialmente desde setembro de 2012.

"A precipitação abundante no segundo trimestre do ano passado... junto às temperaturas significativamente maiores que a média história no mesmo período, impulsionou o desenvolvimento dos canaviais a serem colhidos no início e meio da próxima temporada", apontou a Datagro em boletim nesta quinta-feira.

A consultoria observou que os melhores índices de expansão e renovação reduziram a idade média de canaviais e permitiram menores níveis de infestação de ervas daninhas, influenciando positivamente as expectativas de rendimento agrícola para 2013/14.

A Datagro estima a taxa de reforma de plantações de cana no centro-sul em aproximadamente 20,5 por cento, contra uma média de 15 por cento nos últimos 12 anos.

"Caso as condições climáticas mantenham-se próximas aos índices normais, há expectativa de aumento no rendimento agrícola dos canaviais da região centro-sul entre 7 e 9 por cento", estimou.

Já a Udop estima que o centro-sul concluiu a safra 12/13 com produtividade média de 73 toneladas por hectare, mas Franco observa que as atuais condições climáticas indicam que a região deve se aproximar das médias históricas de 82 a 85 toneladas por hectare.

Reuters

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